quarta-feira, 6 de novembro de 2024

8º Dia Mundial dos Pobres - mensagem do Papa Francisco





MENSAGEM DO  PAPA FRANCISCO

PARA O 8º DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum

17 de novembro de 2024


A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Eclo 21, 5)

Caros irmãos e irmãs!

1. A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Eclo 21, 5). No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, esta expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna a fim de nos preparar para o VIII Dia Mundial dos Pobres, que acontecerá no próximo 17 de novembro. A esperança cristã inclui também a certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre. Reflitamos sobre esta Palavra e “leiamo-la” nos rostos e nas histórias dos pobres que encontramos no nosso dia-a-dia, para que a oração se torne um modo de comunhão com eles e de partilha do seu sofrimento.

2. O livro de Ben-Sirá, ao qual nos referimos, não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo. O seu autor, Ben-Sirá, é um mestre, um escriba de Jerusalém que, provavelmente, escreve no século II a.C. Radicado na tradição de Israel, é um homem sábio, que ensina sobre vários domínios da vida humana: desde o trabalho à família, desde a vida em sociedade à educação dos jovens; presta atenção às questões relacionadas com a fé em Deus e a observância da Lei. Aborda os problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de grande atualidade também para nós. Inspirado pelo Espírito Santo, Ben-Sirá pretende transmitir a todos o caminho a seguir para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.

3. Um dos temas a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, e fá-lo com grande ardor, porque dá voz à sua própria experiência pessoal. Efetivamente, nenhum texto sobre a oração poderia ser eficaz e fecundo se não partisse de quem se encontra diariamente na presença de Deus e escuta a sua Palavra. Ben-Sirá declara que, desde a sua juventude, procurou a sabedoria: «Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração» (Eclo 51, 13).

4. No seu caminho, descobre uma das realidades fundamentais da revelação, ou seja, o fato de os pobres terem um lugar privilegiado no coração de Deus, a tal ponto que, perante o seu sofrimento, Deus se “impacienta” enquanto não lhes faz justiça: «A oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressores» (Eclo 35, 17-19). Deus, porque é um Pai atento e carinhoso para com todos, conhece os sofrimentos dos seus filhos. Como Pai, preocupa-se com aqueles que mais precisam dele: os pobres, os marginalizados, os que sofrem, os esquecidos... Ninguém está excluído do seu coração, uma vez que, diante d’Ele, todos somos pobres e necessitados. Somos todos mendigos, pois sem Deus não seríamos nada. Nem sequer teríamos vida se Deus não no-la tivesse dado. E, no entanto, quantas vezes vivemos como se fôssemos os donos da vida ou como se tivéssemos de a conquistar! A mentalidade mundana pede que sejamos alguém, que nos tornemos famosos independentemente de tudo e de todos, quebrando as regras sociais para alcançar a riqueza. Que triste ilusão! A felicidade não se adquire espezinhando os direitos e a dignidade dos outros.

A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes! Contudo, não podemos recuar. Os discípulos do Senhor sabem que cada um destes “pequeninos” traz gravado em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 187).

5. Neste ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa privilegiada e prioritária» (ibid., 200).

Tudo isto requer um coração humilde, que tenha a coragem de se tornar mendigo. Um coração pronto a reconhecer-se pobre e necessitado. Existe, efetivamente, uma correspondência entre pobreza, humildade e confiança. O verdadeiro pobre é o humilde, como afirmava o santo bispo Agostinho: «O pobre não tem de que se orgulhar, o rico tem o orgulho para combater. Portanto, escuta-me: sê um verdadeiro pobre, sê virtuoso, sê humilde» (Discursos, 14, 4). O homem humilde não tem nada de que se vangloriar nem nada a reclamar, sabe que não pode contar consigo próprio, mas acredita firmemente que pode recorrer ao amor misericordioso de Deus, diante do qual se encontra como o filho pródigo que regressa a casa arrependido para receber o abraço do pai (cf. Lc 15, 11-24). O pobre, sem nada em que se apoiar, recebe a força de Deus e coloca n’Ele toda a sua confiança. Com efeito, a humildade gera a confiança de que Deus nunca nos abandonará e não nos deixará sem resposta.

6. Aos pobres que habitam as nossas cidades e fazem parte das nossas comunidades, recomendo que não percam esta certeza: Deus está atento a cada um de vós e está perto de vós. Ele não se esquece de vós, nem nunca o poderia fazer. Todos nós fazemos orações que parecem não ter resposta. Por vezes, pedimos para sermos libertados de uma miséria que nos faz sofrer e nos humilha, e Deus parece não ouvir a nossa invocação. Mas o silêncio de Deus não significa distração face ao nosso sofrimento; pelo contrário, contém uma palavra que pede para ser acolhida com confiança, abandonando-nos a Ele e à sua vontade. É ainda Ben-Sirá que o testemunha: “O juízo de Deus será em favor dos pobres” (cf. 21, 5). Da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança. Lembremo-nos de que «quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. […] Esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2).

7. O Dia Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial. É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados. Devemos agradecer ao Senhor pelas pessoas que se disponibilizam para escutar e apoiar os mais pobres: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos que, com o seu testemunho, são a voz da resposta de Deus às orações daqueles que a Ele recorrem. Portanto, o silêncio quebra-se sempre que se acolhe e abraça um irmão necessitado. Os pobres têm ainda muito para ensinar, porque numa cultura que colocou a riqueza em primeiro lugar e que sacrifica muitas vezes a dignidade das pessoas no altar dos bens materiais, eles remam contra a corrente, tornando claro que o essencial da vida é outra coisa.

A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26). Contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota. «Sem a oração quotidiana, vivida com fidelidade, o nosso fazer esvazia-se, perde a alma profunda, reduz-se a um simples ativismo» (BENTO XVI, Catequese, 25 de abril de 2012). Devemos evitar esta tentação e estar sempre vigilantes com a força e a perseverança que nos vem do Espírito Santo, que é dador de vida.

8. Neste contexto, é bom recordar o testemunho que nos deixou Madre Teresa de Calcutá, uma mulher que deu a vida pelos pobres. Esta santa repetia continuamente que a oração era o lugar donde tirava força e fé para a sua missão de serviço aos últimos. Quando falou na Assembleia Geral da ONU, a 26 de outubro de 1985, mostrando a todos as contas do terço que trazia sempre na mão, disse: «Sou apenas uma pobre freira que reza. Ao rezar, Jesus põe o seu amor no meu coração e eu vou dá-lo a todos os pobres que encontro no meu caminho. Rezai vós também! Rezai, e sereis capazes de ver os pobres que tendes ao vosso lado. Talvez no mesmo andar da vossa casa. Talvez até nas vossas próprias casas há quem espera pelo vosso amor. Rezai, e abrir-se-ão os vossos olhos e encher-se-á de amor o vosso coração».

E como não recordar aqui, na cidade de Roma, São Bento José Labre (1748-1783), cujo corpo jaz e é venerado na igreja paroquial de Santa Maria ai Monti. Peregrino desde França até Roma, rejeitado em muitos mosteiros, viveu os seus últimos anos pobre entre os pobres, passando horas e horas em oração diante do Santíssimo Sacramento, com o terço, recitando o breviário, lendo o Novo Testamento e a Imitação de Cristo. Não tendo sequer um pequeno quarto para se alojar, dormia habitualmente num canto das ruínas do Coliseu, como “vagabundo de Deus”, fazendo da sua existência uma oração incessante que subia até Ele.


9. No caminho para o Ano Santo, exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar «os pequenos detalhes do amor» (Exort. ap. Gaudete et Exsultate, 145): parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto... Estes gestos não podem ser improvisados; antes, exigem uma fidelidade quotidiana, muitas vezes escondida e silenciosa, mas fortalecida pela oração. Neste momento, em que o canto da esperança parece dar lugar ao ruído das armas, ao grito de tantos inocentes feridos e ao silêncio das inúmeras vítimas das guerras, dirijamos a Deus a nossa invocação de paz. Somos pobres de paz e, para a acolher como um dom precioso, estendemos as mãos, ao mesmo tempo que nos esforçamos por costurá-la no dia-a-dia.

10. Em todas as circunstâncias, somos chamados a ser amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, que foi o primeiro a solidarizar-se com os últimos. Que a Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, nos sustente neste caminho; ela que, aparecendo em Banneux, nos deixou uma mensagem a não esquecer: «Eu sou a Virgem dos pobres». A ela, a quem Deus olhou pela sua humilde pobreza e em quem realizou grandes coisas com a sua obediência, confiemos a nossa oração, convictos de que subirá até ao céu e será ouvida.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2024.


FRANCISCO

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Tema do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025


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"Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” é o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgado pela Santa Sé.

O tema escolhido para 2025, inspirado em 1 Pd 3,15-16, chama a atenção para o fato de que hoje a comunicação é muitas vezes violenta, visando agredir e a não estabelecer as condições para o diálogo. É, então, necessário desarmar a comunicação, purificá-la da agressão.

Dos talk shows televisivos às guerras verbais nas redes sociais, o paradigma que corre o risco de prevalecer é o da competição, da oposição e do desejo de dominar.

"Para nós, cristãos - chama a atenção o comunicado - a esperança é uma pessoa e é Cristo. E está sempre ligada a um projeto comunitário; quando falamos de esperança cristã não podemos ignorar uma comunidade que vive a mensagem de Jesus de forma credível, ao ponto de dar um vislumbre da esperança que ela traz consigo, e é capaz de comunicar ainda hoje a esperança de Cristo com as obras e as palavras."

O tema proposto faz referência aos “talk shows televisivos” e às “guerras verbais nas redes sociais”. Interessante é começar a observar e analisar estas expressões de comunicação. Pensar também como desarmar da agressão as diversas formas de comunicação.

Recomenda-se que se celebre a Semana e o Dia da Comunicação sobre o tema, refletindo sobre como estamos comunicando nossa fé e nossa esperança. Todos nos comunicamos e utilizamos os meios de comunicação e as mídias digitais. Somos convidados a ser agentes de transformação, pela escuta, pelo diálogo, partilhando com mansidão a esperança cristã.

A esperança, como diz o tema, é a pessoa de Jesus Cristo que está em nosso coração. Assim, o conteúdo de nossa comunicação tem como referência o Evangelho e sua proposta de vida.

O Dia Mundial das Comunicações será em 1º de junho de 2025, Domingo da Ascensão.

A Mensagem do Papa para este dia é divulgada em 24 de janeiro, dia de São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas e modelo de comunicação cristã.


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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

58º Dia Mundial das Comunicações Sociais - Inteligência artificial e sabedoria do coração

 

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Francisco reflete sobre a evolução da inteligência artificial e como ela está mudando radicalmente a informação e a comunicação, afetando não só os profissionais, mas a todos. Ele convida a não se posicionar contra o “novo” na tentativa de “conservar um mundo belo, condenado a desaparecer”, mas a aderir honestamente, permanecendo determinados e resistentes, com um coração puro, a tudo o que nele houver de destrutivo e desumano. Ao concluir, Francisco recomenda que, “para não perder a nossa humanidade, procuremos a Sabedoria que existe antes de todas as coisas (cf. Eclo 1, 4), que, passando através dos corações puros, prepara amigos de Deus e profetas (cf. Sb 7, 27).” Esta há de nos ajudar também a orientar a inteligência artificial para uma comunicação plenamente humana, conclui o Papa Francisco.

Mensagem na íntegra:

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA O 58º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

(12 de maio de 2024)


Inteligência artificial e sabedoria do coração:

para uma comunicação plenamente humana 

Queridos irmãos e irmãs!

A evolução dos sistemas da chamada «inteligência artificial», sobre a qual já me debrucei na recente Mensagem para o Dia Mundial da Paz, está modificando de forma radical também a informação e a comunicação e, através delas, algumas bases da convivência civil. Trata-se duma mudança que afeta não só aos profissionais, mas a todos. A rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre entusiasmo e desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais: O que é então o homem, qual é a sua especificidade e qual será o futuro desta nossa espécie chamada homo sapiens na era das inteligências artificiais? Como podemos permanecer plenamente humanos e orientar para o bem a mudança cultural em curso?

A partir do coração

Antes de mais nada, convém limpar o terreno das leituras catastróficas e dos seus efeitos paralisadores. Já há um século, Romano Guardini, refletindo sobre a técnica e o homem, convidava a não se endurecer contra o «novo» na tentativa de «conservar um mundo belo condenado a desaparecer». Ao mesmo tempo, porém, com veemência profética advertia: «O nosso lugar é no devir. Devemos inserir-nos nele, cada um no seu lugar (...), aderindo honestamente, mas permanecendo sensíveis, com um coração incorruptível, a tudo o que nele houver de destrutivo e não-humano». E concluía: «Trata- se – é verdade – de problemas de natureza técnica, científica e política; mas só podem ser resolvidos passando pelo homem.

Deve-se formar um novo tipo humano, dotado duma espiritualidade mais profunda, duma nova liberdade e duma nova interioridade».  [1]

Neste tempo que corre o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade, a nossa reflexão só pode partir do coração humano.  [2]  Somente dotando-nos dum olhar espiritual, apenas recuperando uma sabedoria do coração é que poderemos ler e interpretar a novidade do nosso empo e descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana. O coração, entendido biblicamente como sede da liberdade e das decisões mais importantes da vida, é símbolo de integridade e de unidade, mas evoca também os afetos, os desejos, os sonhos, e sobretudo é o lugar interior do encontro com Deus. Por isso a sabedoria do coração é a virtude que nos permite combinar o todo com as partes, as decisões com as suas consequências, as grandezas com as fragilidades, o passado com o futuro, o eu com o nós.

Esta sabedoria do coração deixa-se encontrar por quem a busca e deixa-se ver a quem a ama; antecipa-se a quem a deseja e vai à procura de quem é digno dela (cf. Sab 6, 12-16). Está com quem aceita conselho (cf. Pr 13, 10), com quem tem um coração dócil, um coração que escuta (cf. 1 Re 3, 9). É um dom do Espírito Santo, que permite ver as coisas com os olhos de Deus, compreender as interligações, as situações, os acontecimentos e descobrir o seu sentido. Sem esta sabedoria, a existência torna-se insípida, pois é precisamente a sabedoria que dá gosto à vida: a sua raiz latina sapere associa-a ao sabor.

Oportunidade e perigo

Não podemos esperar esta sabedoria das máquinas. Embora o termo inteligência artificial já tenha suplantado o termo mais correto utilizado na literatura científica de machine learning (aprendizagem automática), o próprio uso da palavra «inteligência» é falacioso. É certo que as máquinas têm uma capacidade imensamente maior que os seres humanos de memorizar os dados e relacioná-los entre si, mas compete ao homem, e só a ele, descodificar o seu sentido. Não se trata, pois, de exigir das máquinas que pareçam humanas; mas de despertar o homem da hipnose em que cai devido ao seu delírio de onipotência, crendo-se sujeito totalmente autônomo e autorreferencial, separado de toda a ligação social e esquecido da sua condição de criatura.

Realmente o homem sempre teve experiência de não se bastar a si mesmo, e procura superar a sua vulnerabilidade valendo-se de todos os meios. Partindo dos primeiros instrumentos pré-históricos, utilizados como prolongamento dos braços, passando pelos meios de comunicação como extensão da palavra, chegamos hoje às máquinas mais sofisticadas que funcionam como auxílio do pensamento. Entretanto cada uma destas realidades pode ser contaminada pela tentação primordial de se tornar como Deus sem Deus (cf. Gn 3), isto é, a tentação de querer conquistar com as próprias forças aquilo que deveria, pelo contrário, acolher como dom de Deus e viver na relação com os outros.

Cada coisa nas mãos do homem torna-se oportunidade ou perigo, segundo a orientação do coração. O próprio corpo, criado para ser lugar de comunicação e comunhão, pode tornar-se instrumento de agressão. Da mesma forma, cada prolongamento técnico do homem pode ser instrumento de amoroso serviço ou de domínio hostil. Os sistemas de inteligência artificial podem contribuir para o processo de libertação da ignorância e facilitar a troca de informações entre diferentes povos e gerações. Por exemplo, podem tornar acessível e compreensível um patrimônio enorme de conhecimentos, escrito em épocas passadas, ou permitir às pessoas comunicarem em línguas que lhes são desconhecidas. Mas simultaneamente podem ser instrumentos de «poluição cognitiva», alteração da realidade através de narrações parcial ou totalmente falsas, mas acreditadas – e partilhadas – como se fossem verdadeiras. Basta pensar no problema da desinformação que enfrentamos, há anos, no caso das fake news  [3]  e que hoje se serve da deep fake, isto é, da criação e divulgação de imagens que parecem perfeitamente plausíveis, mas são falsas (já me aconteceu também ser objeto delas), ou mensagens-áudio que usam a voz duma pessoa, dizendo coisas que ela própria nunca disse. A simulação, que está na base destes programas, pode ser útil nalguns campos específicos, mas torna-se perversa quando distorce as relações com os outros e com a realidade.

Já desde a primeira onda de inteligência artificial – a das redes sociais – compreendemos a sua ambivalência, constatando a par das oportunidades também os riscos e as patologias. O segundo nível de inteligências artificiais geradoras marca, indiscutivelmente, um salto qualitativo. Por conseguinte é importante ter a possibilidade de perceber, compreender e regulamentar instrumentos que, em mãos erradas, poderiam abrir cenários negativos. Os algoritmos, como tudo o mais que sai da mente e das mãos do homem, não são neutros. Por isso é necessário prevenir propondo modelos de regulamentação ética para contornar os efeitos danosos, discriminadores e socialmente injustos dos sistemas de inteligência artificial e contrastar a sua utilização para a redução do pluralismo, a polarização da opinião pública ou a construção do pensamento único. Assim reitero aqui a minha exortação à «Comunidade das Nações a trabalhar unida para adotar um tratado internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial nas suas variadas formas».  [4]  Entretanto, como em todo o âmbito humano, não é suficiente a regulamentação.

Crescer em humanidade

Somos chamados a crescer juntos, em humanidade e como humanidade. O desafio que temos diante de nós é realizar um salto de qualidade para estarmos à altura duma sociedade complexa, multiétnica, pluralista, multirreligiosa e multicultural. Cabe a nós questionar-nos sobre o progresso teórico e a utilização prática destes novos instrumentos de comunicação e conhecimento. As suas grandes possibilidades de bem são acompanhadas pelo risco de que tudo se transforme num cálculo abstrato que reduz as pessoas a dados, o pensamento a um esquema, a experiência a um caso, o bem ao lucro, com o risco sobretudo de que se acabe por negar a singularidade de cada pessoa e da sua história, dissolvendo a realidade concreta numa série de dados estatísticos.

A revolução digital pode tornar-nos mais livres, mas certamente não conseguirá fazê-lo se nos  prender nos modelos designados hoje como echo chamber (câmara de eco). Nestes casos, em vez de aumentar o pluralismo da informação, corre-se o risco de se perder num pântano anônimo, favorecendo os interesses do mercado ou do poder. Não é aceitável que a utilização da inteligência artificial conduza a um pensamento anônimo, a uma montagem de dados não certificados, a uma irresponsabilidade editorial coletiva. A representação da realidade por bigdata (grandes dados), embora funcional para a gestão das máquinas, implica na realidade uma

perda substancial da verdade das coisas, o que dificulta a comunicação interpessoal e corre o risco de danificar a nossa própria humanidade. A informação não pode ser separada da relação existencial: implica o corpo, o situar-se na realidade; pede para correlacionar não apenas dados, mas experiências; exige o rosto, o olhar, a compaixão e ainda a partilha.

Penso na narração das guerras e naquela «guerra paralela» que se trava através de campanhas de desinformação. E penso em tantos repórteres que ficam feridos ou morrem no local em efervescência para nos permitir ver o que viram os olhos deles. Pois só tocando pessoalmente o sofrimento das crianças, das mulheres e dos homens é que poderemos compreender o caráter absurdo das guerras.

A utilização da inteligência artificial poderá proporcionar um contributo positivo no âmbito da comunicação, se não anular o papel do jornalismo no local, antes, pelo contrário, se o apoiar; se valorizar o profissionalismo da comunicação, responsabilizando cada comunicador; se devolver a cada ser humano o papel de sujeito, com capacidade crítica, da própria comunicação.

Interrogativos de hoje e de amanhã

E surgem, espontâneas, algumas questões: Como tutelar o profissionalismo e a dignidade dos trabalhadores no campo da comunicação e da informação, juntamente com a dos usuários em todo o mundo? Como garantir a interação das plataformas? Como fazer com que as empresas que desenvolvem plataformas digitais assumam as suas responsabilidades relativamente ao que divulgam daí tirando os seus lucros, de forma análoga ao que acontece com os editores dos meios de comunicação tradicionais? Como tornar mais transparentes os critérios subjacentes aos algoritmos de indexação e desindexação e aos motores de pesquisa, capazes de exaltar ou cancelar pessoas e opiniões, histórias e culturas? Como garantir a transparência dos processos de informação? Como tornar evidente a autoria dos escritos e rastreáveis as fontes, evitando o escudo do anonimato? Como deixar claro se uma imagem ou um vídeo retrata um acontecimento ou o simula? Como evitar que as fontes se reduzam a uma só, a um pensamento único elaborado algoritmicamente? E, ao contrário, como promover um ambiente adequado para salvaguardar o pluralismo e representar a complexidade da realidade? Como podemos tornar sustentável este instrumento poderoso, caro e extremamente consumidor de energia? Como podemos torná-lo acessível também aos países em vias de desenvolvimento?

A partir das respostas a estas e outras questões compreenderemos se a inteligência artificial acabará por construir novas castas baseadas no domínio informativo, gerando novas formas de exploração e desigualdade ou se, pelo contrário, trará mais igualdade, promovendo uma informação correta e uma maior consciência da transição de época que estamos atravessando, favorecendo a escuta das múltiplas carências das pessoas e dos povos, num sistema de informação articulado e pluralista. De um lado, vemos assomar o registro de uma nova escravidão, do outro uma conquista de liberdade; de um lado, a possibilidade de que uns poucos condicionem o pensamento de todos, do outro a possibilidade de que todos participem na elaboração do pensamento.

A resposta não está escrita; depende de nós. Compete ao homem decidir se há de tornar-se alimento para os algoritmos ou nutrir o seu coração de liberdade, sem a qual não se cresce na sabedoria. Esta sabedoria amadurece valorizando o tempo e abraçando as vulnerabilidades.

Cresce na aliança entre as gerações, entre quem tem memória do passado e quem tem visão de futuro. Somente juntos é que cresce a capacidade de discernir, vigiar, ver as coisas a partir do seu objetivo. Para não perder a nossa humanidade, procuremos a Sabedoria que existe  antes de todas as coisas (cf. Eclo 1, 4), que, passando através dos corações puros, prepara amigos de Deus e profetas (cf. Sb 7, 27): há de ajudar-nos também a orientar os sistemas da inteligência artificial para uma comunicação plenamente humana.

Roma – São João de Latrão, 24 de janeiro de 2024.

[Francisco]


[1]  Cartas do Lago de Como (Brescia  5 2022), 95-97

[2]  Em continuidade com as anteriores Mensagens para o Dia Mundial das Comunicações

Sociais, dedicadas a «encontrar as pessoas onde estão e como são» (2021), «escutar com o

ouvido do coração» (2022) e «falar com o coração» (2023).

[3]  Cf. Mensagem para o LII Dia Mundial das Comunicações (2018): «“A verdade vos tornará

livres” (Jo 8, 32). Fake news e jornalismo de paz».

[4]  Mensagem para o LVII Dia Mundial da Paz: 1 de janeiro de 2024, 8.

 Fonte: https://www.vatican.va/


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

57º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2023) - Falar com o coração

 


(21 de maio de 2023)

«Falar com o coração. “Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15)»

Estimados irmãos e irmãs!

Depois de ter refletido, nos anos anteriores, sobre os verbos «ir e ver» e «escutar» como condição necessária para uma boa comunicação, com esta Mensagem para o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais gostaria de me deter sobre o «falar com o coração». Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Após o nosso treino na escuta, que requer saber esperar e paciência, e o treino na renúncia a impor em detrimento dos outros o nosso ponto de vista, podemos entrar na dinâmica do diálogo e da partilha que é, em concreto, comunicar cordialmente. E, se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15). Não devemos ter medo de proclamar a verdade, por vezes incômoda, mas de o fazer sem amor, sem coração. Com
efeito «o programa do cristão – como escreveu Bento XVI – é “um coração que vê”» [1]. Trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido. Isto leva o ouvinte a sintonizar-se no mesmo comprimento de onda, chegando ao ponto de sentir no próprio coração também o pulsar do outro. Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos semeando discórdia e divisões.

Jesus chama-nos a atenção de que cada árvore se conhece pelo seu fruto (cf. Lc 6, 44). De igual modo «o homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o que é bom; e o mau, do mau tesouro, tira o que é mau; pois a boca fala da abundância do coração» (6, 45). Por conseguinte, para se poder comunicar testemunhando a verdade no amor, é preciso purificar o próprio coração. Só ouvindo e falando com o coração puro é que podemos ver para além das aparências, superando o rumor confuso que, mesmo no campo da informação, não nos ajuda a fazer o discernimento na complexidade do mundo em que vivemos. O apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade.

Comunicar cordialmente

Comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar. Podemos ver este estilo no misterioso Viandante que dialoga com os discípulos a caminho de Emaús depois da tragédia que se consumou no Gólgota. A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido. De facto, eles podem exclamar com alegria que o coração lhes ardia no peito enquanto Ele conversava pelo caminho e lhes explicava as Escrituras (cf. Lc 24, 32).

Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol duma comunicação «de coração e braços abertos» não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor. De modo particular nós, cristãos, somos exortados a guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34, 14), pois com ela – como ensina a Escritura – podemos bendizer o Senhor e amaldiçoar os homens feitos à semelhança de Deus (cf. Tg 3, 9). Da nossa boca, não deveriam sair palavras más, «mas apenas a que for boa, que edifique, sempre que necessário, para que seja uma graça para aqueles que a escutam» (Ef 4, 29).

Por vezes, o falar amável abre uma brecha até nos corações mais endurecidos. Encontramos vestígios disto na própria literatura; penso naquela página memorável do cap. XXI do livro Promessi Sposi, onde Luzia fala com o coração ao Inominável até que este, desarmado e atormentado por uma benéfica crise interior, cede à força gentil do amor. Experimentamo-lo na convivência social, onde a gentileza não é questão apenas de «etiqueta», mas um verdadeiro antídoto contra a crueldade, que pode, infelizmente, envenenar os corações e intoxicar as relações. Precisamos daquele falar amável no âmbito dos mass media, para que a comunicação não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem.

A comunicação de coração a coração: «Basta amar bem para dizer bem»

Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste «falar com o coração» temo-lo em São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, a quem dediquei recentemente a Carta Apostólica Totum amoris est, nos 400 anos da sua morte. A par deste aniversário importante e relacionado com a mesma circunstância, apraz-me recordar outro que se celebra neste ano de 2023: o centenário da sua proclamação como padroeiro dos jornalistas católicos, feita por Pio XI com a Encíclica Rerum omnium perturbationem. Mente brilhante, escritor fecundo, teólogo de grande profundidade, Francisco de Sales foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos difíceis marcados por animadas disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. Dele se pode dizer que as suas «palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas respostas agradáveis» ( Sir 6, 5). Aliás uma das suas afirmações mais célebres – «o coração fala ao coração» – inspirou gerações de fiéis, entre os quais se conta São John Henry Newman que a escolheu para seu lema: Cor ad cor loquitur. «Basta amar bem para dizer bem»: constituía uma das suas convicções. Isto prova como, para ele, a comunicação nunca deveria reduzir-se a um artifício, a uma estratégia de marketing – diríamos nós hoje –, mas era o reflexo do íntimo, a superfície visível dum núcleo de amor invisível aos olhos. Para São Francisco de Sales, precisamente «no coração e através do coração é que se realiza aquele subtil e intenso processo unitário em virtude do qual o homem reconhece a Deus» [2]. «Amando bem», São Francisco conseguiu comunicar com o surdo-mudo Martinho tornando-se seu amigo, e daí ser recordado também como protetor das pessoas com deficiências comunicativas.

É a partir deste «critério do amor» que o santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que «somos aquilo que comunicamos»: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser. São Francisco de Sales difundiu em grande número cópias dos seus escritos na comunidade de Genebra. Esta intuição «jornalística» valeu-lhe uma fama que superou rapidamente o perímetro da sua diocese e perdura ainda nos nossos dias. Como observou São Paulo VI, os seus escritos suscitam «uma leitura sumamente agradável, instrutiva e estimulante» [3]. Pensando no atual panorama da comunicação, não são estas precisamente as caraterísticas de que se deveriam revestir um artigo, uma reportagem, um serviço radiotelevisivo ou uma mensagem nas redes sociais? Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas.

Falar com o coração no processo sinodal

Como já tive oportunidade de salientar, «também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros» [4]. Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs. Sonho uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo, gentil e ao mesmo tempo profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milênio. Uma comunicação que coloque no centro a relação com Deus e com o próximo, especialmente o mais necessitado, e esteja mais preocupada em acender o fogo da fé do que em preservar as cinzas duma identidade autorreferencial. Uma comunicação, cujas bases sejam a humildade no escutar e o desassombro no falar e que nunca separe a verdade do amor.

Desarmar os ânimos promovendo uma linguagem de paz

«A língua branda pode até quebrar ossos»: lê-se no livro dos Provérbios (25, 15). Hoje é tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade. No dramático contexto de conflito global que estamos a viver, urge assegurar uma comunicação não hostil. É necessário vencer «o hábito de denegrir rapidamente o adversário, aplicando-lhe atributos humilhantes, em vez de se enfrentarem num diálogo aberto e respeitoso» [5]. Precisamos de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações, como exortava profeticamente São João XXIII na Encíclica Pacem in terris: «a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio [de armamentos], mas sim e exclusivamente na confiança mútua» (n.º 113). Uma confiança que precisa de comunicadores não postos à defesa, mas ousados e criativos, prontos a arriscar na procura dum terreno comum onde encontrar-se. Também agora, como há 60 anos, a humanidade vive uma hora escura temendo uma escalada bélica, que deve ser travada o mais depressa possível, inclusivamente em termos de comunicação. Fica-se apavorado ao ouvir com quanta facilidade se pronunciam palavras que invocam a destruição de povos e territórios; palavras que, infelizmente, se convertem muitas vezes em ações bélicas de celerada violência. Por isso mesmo há que rejeitar toda a retórica belicista, assim como toda a forma de propaganda que manipula a verdade, deturpando-a com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida, a todos os níveis, uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos.

Como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz, pois o vírus da guerra provém do íntimo do coração humano [6]. Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão.

Que o Senhor Jesus, Palavra pura que brota do coração do Pai, nos ajude a tornar a nossa comunicação livre, limpa e cordial.

Que o Senhor Jesus, Palavra que Se fez carne, nos ajude a colocar-nos à escuta do palpitar dos corações, para nos reconhecermos como irmãos e irmãs e desativarmos a hostilidade que divide.

Que o Senhor Jesus, Palavra de verdade e caridade, nos ajude a dizer a verdade no amor, para nos sentirmos guardiões uns dos outros.

Roma – São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2023.

FRANCISCO

 

[1] Carta enc. Deus caritas est (25/XII/2005), 31.

[2] Carta ap. Totum amoris est (28/XII/2022).

[3] Epístola apostólica Sabaudiae gemma, no 4º centenário do nascimento de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja (29/I/1967).

[4] Mensagem para o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais (24/I/2022).

[5] Francisco, Carta enc. Fratelli tutti (03/X/2020), 201.

[6] Cf. Francisco, Mensagem para o 57º Dia Mundial da Paz a 1 de janeiro de 2023 (08/XII/2022), 4.

 

domingo, 29 de maio de 2022

Ofertório da Comunicação, Ofertório Paulino



UMA ORAÇÃO PARA SE REZAR PELAS COMUNICAÇÕES

O Ofertório da Comunicação, também conhecido por Ofertório  Paulino, é uma oração composta pelo Bem-aventurado Tiago Alberione.

 Três temas centrais a estruturam:  a reparação e a intercessão, o sacrifício – oferta. De 1924, quando foi composta, até 1985, passou por cerca de 20 versões. Em cada versão, revela o conceito de comunicação da época. Inicialmente, a Imprensa, os modernos meios, sobretudo depois da participação do fundador no Concílio Vaticano II. Desde que a compôs, em 1924, Alberione desejava que os comunicadores a rezassem diariamente.

O Ofertório Paulino é uma oração muito querida e importante para Alberione e para nós, hoje. É um convite a aprofundar aspectos essenciais da nossa espiritualidade apostólica paulina, conversão pastoral, como a reparação, tornar conhecido Jesus Cristo Mestre, e a evangelização pela comunicação.

Alberione é propõe uma espiritualidade encarnada, uma Igreja "em saída".

1. Conversão Pastoral da 

"Para onde caminha esta humanidade?" Perguntava-se Alberione, ao olhar para a sociedade que estava para entrar na era da comunicação. O Fundador da Família Paulina via a sociedade naufragando na in-comunicação. Os meios ameaçavam estar a serviço das aparências, do poder, do domínio econômico, numa palavra, a serviço de uma visão da vida claramente antievangélica.

Desde os inícios disseminavam-se erros e escândalos, distorções, massificação. Comunicadores e interlocutores distanciavam-se do amor do Pai, ignorando o magistério de Cristo e da Igreja. Por isso, para Alberione, o primeiro dever é  reparar o erro e o escândalo, exercer a conversão pastoral. Pedir misericórdia por aqueles que são desviados. Pedir a conversão daqueles que, com os meios de comunicação, exercem uma influência negativa nas pessoas e na sociedade. 

A experiência e a mística de Alberione, mesmo na linguagem e concepção teológica e comunicacional do seu tempo, gerou uma espiritualidade apostólica e uma conversão pastoral sensível ao seu tempo: "Vivei em contínua conversão", propôs Alberione. 

2. Conhecer e tornar conhecido Jesus, o Mestre perfeito

Que conheçamos e tornemos conhecido Jesus, o Mestre perfeito, e que, por nosso intermédio, todos se encontrem com Jesus, com o seu ensinamento e a sua salvação. É o aspecto positivo da  vocação paulina: viver e comunicar Jesus. É a continuação do mandato conferido aos apóstolos, aos evangelistas, a São Paulo: "Vão  por todo mundo  e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade" (Mc 16,15).

Acreditar, viver e anunciar que Cristo, Filho de Deus, é Mestre perfeito, o caminho único que conduz à verdade, isto é, ao conhecimento do Pai e à participação de sua vida. Transformar a história, tendo  Cristo como centro, caminho, verdade e vida.

Pelo testemunho de vida e qualidade do anúncio, pautado pelos valores do evangelho, o apóstolo/a paulino/a pode transparecer, no anúncio da Boa Notícia, que somente Deus é Deus, acima de todos os ídolos fabricados pelo pensamento humano e pelas tecnologias, decorrentes das tendências do prestígio, do mercado e do consumismo.

3. A evangelização pela comunicação

O terceiro dever que decorre dessa oração paulina da comunicação é a ação através dos meios de comunicação. O Ofertório Paulino pede que os meios de comunicação façam ressoar a mensagem da salvação em todo o mundo. Para isso, pede-se ao Senhor vocações para esta missão, que sejam santas: produtores, técnicos, divulgadores que sejam apóstolos e apóstolas e transmitam a mensagem evangélica, em primeiro lugar com o testemunho.

"Apóstolo é aquele que leva Deus no coração e o irradia ao seu redor", diz Alberione. E diz mais: "O primeiro cuidado da Família Paulina é a santidade de vida, a segunda é a santidade da doutrina". Com o testemunho requer-se a criatividade das iniciativas para promover os valores humanos e cristãos

O apostolado paulino não visa apenas o progresso de cada pessoa, individualmente, mas, sobretudo, criar uma mentalidade nova na sociedade, o que quer dizer dar-lhe uma nova ressignificação centrada em Jesus Cristo integral, caminho, verdade e vida. 

Rezemos: 

Ofertório da Comunicação ou Ofertório  Paulino - Tiago Alberione

Senhor, eu vos ofereço, em união com todos os sacerdotes que hoje presidem a Santa Missa, Jesus Hóstia, e a mim mesmo/a, pequena vítima:

— Em reparação dos erros e escândalos que se difundem no mundo por meio dos instrumentos da comunicação social.

— Para invocar a vossa misericórdia sobre aqueles que, enganados e seduzidos por esses meios potentes, se afastam do vosso amor de Pai.

— Pela conversão daqueles que, no uso destes instrumentos, desconhecem o magistério de Cristo e da Igreja, desviando assim a mente, o coração e a atividade das pessoas.

— Para que todos nós possamos seguir unicamente aquele que vós, ó Pai, na imensidão do vosso amor, enviastes ao mundo proclamando: “Este é meu Filho  Amado, escutai-o”.

— Para conhecer e comunicar que somente Jesus, Verbo encarnado, é o Mestre perfeito, Caminho seguro que conduz ao conhecimento do Pai e à participação de sua vida.

— Para que se multipliquem na Igreja os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os leigos, que, consagrados ao apostolado da comunicação social, façam ressoar, no mundo inteiro, a mensagem da salvação.

— Para que os escritores, técnicos e propagandistas sejam sábios e santos, e deem testemunho de autêntica vida cristã no âmbito da comunicação social.

— Para pedir que as iniciativas católicas, no setor da comunicação social, cresçam sempre mais em número e eficácia, de tal modo que, promovendo eficazmente os verdadeiros valores humanos e cristãos, possam contrapor-se a voz do erro e do mal.

— Para que todos nós, conhecendo a nossa ignorância e miséria, sintamos a necessidade de aproximar-nos, com humildade e confiança, da fonte da vida e nutrir-nos, ó Pai, da vossa Palavra e do Corpo de Cristo, invocando para todos os homens luz, amor e misericórdia.




Fonte: Livro de Orações - Família Paulina


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Ciranda da Comunicação - CRB Nacional


Música - tema: ESCUTAI - Antonio Cardoso
https://www.youtube.com/watch?v=CphCfi_vGQc&t=189s







CIRANDA DA COMUNICAÇÃO 2022

Lives sobre o tema do Dia das Comunicações: 

ESCUTAI e 

os 12 desafios da Assembleia Eclesial




JANEIRO – Dia 24 - segunda-feira – 11h

ESCUTAR a Mensagem do Papa Francisco e promover um encontro pessoal com Jesus Cristo encarnado na realidade do continente (Desafio 11).

Mediadora: Edla Lula

(61)9991-5946

Convidado: Silvonei José, do Vatican News

+39 328 364 5762

Participação: Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro, mad, presidente da CRB

(61)8451-0248

Antonio Cardoso – compositor e intérprete da música-tema da Ciranda deste ano.

(14)98149-4492

 

FEVEREIRO – Dia 24 -  quinta-feira – 20h

ESCUTAR,  reconhecer e valorizar o papel dos jovens na comunidade eclesial e na sociedade como agentes de transformação (Desafio 1).

Mediação: Ir. Maristela Ganassini

(55)9727-0388

Convidada: Verônica Michele Gonçalves, secretária nacional da PJ

 (89)9414-3421


MARÇO – Dia 24 -  quinta-feira – 20h

ESCUTAR e Acompanhar as vítimas de injustiças sociais e eclesiais com processos de reconhecimento e reparação.(Desafio 2). Ouvir o grito dos pobres, excluídos e descartados. (Desafio 7)

Mediação: Edla Lula

(61)9991-5946

Convidado: Henrique Peregrino, comunidade da Trindade, em Salvador (BA), 15 anos da revista Aurora da Rua. Elias

(71)8829-4935

 

ABRIL – dia 24 – domingo – 20h

ESCUTAR e promover a participação ativa das mulheres em ministérios, órgãos governamentais, discernimento e tomada de decisões eclesiais. (Desafio 3)

Mediação: Edla Lula

(61)9991-5946

Convidadas:  GISA Maia

(71)9266-2702

 

MAIO

Participação na Semana da Comunicação da PASCOM

ESCUTAI as pessoas que vivem a sinodalidade, nas Igrejas

 

JUNHO – Dia 24 – Sexta-feira – 20h

ESCUTAI os leigos em espaços de transformação social, cultural, política e  eclesial

Mediação: Ir. Helena Corazza,fsp

(11)999232-5012

Convidado: Daniel Seidel – Comissão Brasileira de Justiça e Paz

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AGOSTO – dia 24 – Quarta-feira – 20h

ESCUTAI  e Reformar os itinerários formativos dos seminários, incluindo temas como ecologia integral, povos nativos, inculturação e interculturalidade e pensamento social da Igreja. (Desafios, 8).

Mediação: Ir. Clotilde Azevedo, ap

(61)8122-1366

Convidado: Frei Tailer Douglas Ferreira, osa

(31)9397-2199

 

Pe. Diocesano

 

SETEMBRO – Dia 24 – Sábado – 20h

ESCUTAI Jesus Cristo encarnado na realidade do continente, nos pobres, excluídos, descartados, invisíveis.

Mediação: Bira, sj

(61)8117-2400

Maria Lúcia Fattorelli, CBJP, Brasília

(61) 8187-1477

marialuciafattorelli@gmail.com

contato@auditoriacidada.org.br 

E SITE: https://auditoriacidada.org.br

 

OUTUBRO – Dia 24 – segunda-feira – 20h

ESCUTAI a ecologia integral em nossas comunidades a partir dos quatro sonhos da Querida Amazônia; os povos nativos e afrodescendentes na defesa da vida, da terra e das culturas.

Mediação: Ir. Cristiane Melo, fsp

(11)99217-0716

Sugestão: Afonso Murad, fms

(31)9139-6273

 

NOVEMBRO – Dia 24 – quinta-feira – 20h

ESCUTAI as comunidades eclesiais sobre a conversão pastoral

Mediação: Alessandro Gomes (Signis Brasil) – São Romero, Patrono da Signis

presidencia@signis.com.br

(27)99644-8070

 

Convidado: Frei Luiz Carlos Susin

51 9974-2391

 

 

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MEDIADORES/AS

Ir. Cristiane  Melo,fsp


 

 


Parceiros

Da CRB


SEPAC/Paulinas


UCB

SIGNIS BRASIL – Alessandro

FAPCOM/PAULUS

 

Músicas

Instrumental - https://open.spotify.com/track/07YXXdxAB2AAeXR9BTYAFu

 'ESCUTAI'

"Escutai!" é o tema da mensagem do Papa Francisco para o 56° Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgado na quarta-feira (29/09).

Segundo a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, "depois da mensagem de 2021, focalizada no  "ir e ver", em sua nova mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2022, o Papa Francisco pede ao mundo da comunicação que reaprenda a ouvir".

"A pandemia afetou e feriu a todos e todos precisam ser ouvidos e consolados. Ouvir é fundamental para uma boa informação. A busca da verdade começa com a escuta. O mesmo acontece com o testemunho através dos meios de comunicação social. Todo diálogo, toda relação começa com a escuta. Por isso, para crescer, mesmo profissionalmente, como comunicadores, é preciso reaprender a ouvir muito."

"O próprio Jesus", ressalta ainda a nota, "nos pede que prestemos atenção em como ouvimos. Para ouvir realmente é preciso coragem, é preciso um coração livre e aberto, sem preconceitos".

"Neste tempo em que toda a Igreja é convidada a ouvir para aprender a ser uma Igreja sinodal, todos nós somos convidados a redescobrir a escuta como essencial para uma boa comunicação", conclui.

Fonte: Vatican News

 

Algumas anotações sobre "ESCUTAR E OUVIR"

Diferença entre ouvir e escutar

A pessoa  está ouvindo quando há pouca interação, e escutando quando está prestando atenção ao que é emitido, não só pelas palavras, mas também pela expressão facial, pelos gestos, pela entonação de voz, etc.

A popular expressão "entrou por um ouvido e saiu pelo outro" ilustra o ato de ouvir, quando a informação parece não ser capturada pelo receptor do som.

Já a expressão "fala que eu te escuto",  nome de um programa de rádio, mostra o sentido de escutar, em que um tem o poder da fala e o outro dá atenção ao que é dito como forma de alívio da angústia pela palavra.

A diferença entre ouvir e escutar na psicologia, consiste em além de ouvir, fazer a escuta analítica do que é falado pela outra pessoa.

A ação de escutar do psicoterapeuta passa pelo fato de não prestar demasiada atenção em um determinado ponto, e assim negligenciar outros, apenas os ouvindo. Trata-se de uma dedicação chamada de "atenção flutuante", escutando uniformemente o que o paciente diz, de forma a não selecionar apenas partes do discurso.

A teoria psicanalítica de Sigmund Freud parte do chamado “espaço da fala”, que coloca a palavra do paciente como lugar central do processo terapêutico. A partir disso, surge a escuta analítica, que é algo muito importante na psicologia  para que o profissional consiga captar o sentido do discurso do outro.

Significado de ouvir o outro

Ouvir o outro quer dizer que você está ouvindo o que essa pessoa está emitindo. Mas, quando se fala da capacidade de compreensão você está se referindo a habilidade de escutar o outro, o que quer dizer que você está atento ao que a outra pessoa está falando, o que ela diz, da maneira que diz, com que sentimentos e tudo mais. Você está compreendendo e interpretando o que ela fala e não só ouvindo.

Hoje, é raro encontrar pessoas que saibam escutar, isso porque as pessoas só pensam nelas mesmas e não estão nem ligando para opinião alheia. Mas, ainda existem pessoas que sabem escutar as outras, diferente das que só sabem ouvir, e outras que nem ouvir sabem.

Escutar uma pessoa é muito importante, mas atualmente quando vamos desabafar com uma pessoa, ela acha que estamos em uma competição de quem sofre mais e não nos escuta.

Por que depois de ouvir, quase que diariamente, a Palavra de Deus as pessoas não se convertem, não mudam de vida, não dão testemunho?

 

 

 

ESCUTA na Palavra

O Senhor se apresentou e o chamou como antes: «Samuel, Samuel». Então Samuel respondeu: «Fala, que o teu servo escuta».  (1Sm 3,10)

Quem escuta a sabedoria, julga com justiça, e quem lhe dá atenção viverá tranquilo. (Eclo 4,15)

Não critique antes de verificar; examine primeiro, para depois julgar. Não responda antes de escutar, e não interrompa a conversa.(Eclo 11,7-8)

A casa de Israel não escutará você, porque não quer escutar a mim, diz o Senhor. (Ez 3, 7).

Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar.  Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: «Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!» (Lc 15,1-2)

 Se alguém não os receber bem, e não escutar a palavra de vocês, ao sair dessa casa e dessa cidade, sacudam a poeira dos pés. (Mt 10,14)

 Os profetas antigos chamavam a atenção deles, dizendo: «Assim diz  o Senhor dos exércitos: Convertam-se de seus caminhos e de suas más ações». Mas eles não escutaram, nem me deram atenção. (Zc 1,4)

«Que é que ele fez? Como foi que abriu seus olhos?»  Ele respondeu: «Eu já lhes disse, e vocês não me escutaram. (Jo 9,26-27)

«Falarei a este povo por meio de homens de outra língua e por meio de lábios estrangeiros, e mesmo assim eles não me escutarão, diz o Senhor.»  (1Cor 14,21)

A casa de Israel não escutará você, porque não quer escutar a mim. Eles têm a cabeça dura e o coração de pedra. (Ez 3,7)

Se você gosta de escutar, aprenderá;  (Eclo 6,33)

  Vou escutar o que diz o Senhor: «Deus anuncia a paz ao seu povo e seus fiéis, e aos que se convertem de coração» (Sl 85,9)

 

 Currículos

Maria Lucia Fattorelli - Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida desde 2000 <www.auditoriacidada.org.br>. Membro titular da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB. Graduada em Administração (UFMG) e Ciências Contábeis (FMS), especialização em Administração Tributária (FGV/EAESP), foi auditora-fiscal do Ministério da Fazenda, aposentada desde 2010. Atuou como membro da Comissão de Auditoria da Dívida do Equador criada pelo presidente Rafael Correa (2007/2008) e da Comissão de Auditoria da Dívida  da Grécia criada pelo Parlamento Helênico (2015). Assessorou a CPI da Dívida Pública na Câmara dos Deputados do Brasil (2009/2010), e a CPI da PBH Ativos S/A da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que investigou o esquema da Securitização de Créditos Públicos (2017). Membro temporário do Expert Group da UNCTAD/ONU - Bruxelas (2009), New York (2011). Vários livros e artigos publicados no Brasil e exterior.

 

Fr. Tailer Douglas Ferreira, OSA é religioso agostiniano, possui graduação em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino (2012) e graduação em Teologia pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores (2017). Tem experiência no acompanhamento de pastorais e movimentos eclesiais e na animação bíblica da pastoral. Atualmente mora em Belo Horizonte/MG e trabalha como Promotor Vocacional e Mestre Pedagogo de Aspirantes e Pré-noviços da Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil.

 

 

 

 

 


8º Dia Mundial dos Pobres - mensagem do Papa Francisco

MENSAGEM DO  PAPA FRANCISCO PARA O 8º DIA MUNDIAL DOS POBRES XXXIII Domingo do Tempo Comum 17 de novembro de 2024 A oração do pobre eleva-se...