quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

52º Dia Mundial das Comunicações Sociais - fake news


Introdução
 “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32). “Notícias falsas e jornalismo de paz!” é o tema do 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado em 2018.

O tema escolhido pelo papa faz referência às “notícias falsas” ou “fake news”, ou seja, as informações infundadas que contribuem para gerar e alimentar uma forte polarização das opiniões.

A internet e as redes sociais democratizaram o acesso à informação, mas também abriram espaço para as notícias falsas, também chamadas fake news e criaram as “bolhas” – aqueles universos digitais onde só se debate o que for do agrado de quem participa deles.
Trata-se de uma distorção muitas vezes instrumental dos fatos, com possíveis repercussões sobre comportamentos individuais ou coletivos.

No contexto em que as empresas de referência das redes sociais e o mundo das instituições e da política começaram a combater este fenômeno, também a Igreja quer oferecer uma contribuição, propondo uma reflexão sobre as causas, as lógicas e as consequências da desinformação na mídia.

Pretende ainda auxiliar na promoção de um jornalismo profissional, que busca sempre a verdade, e por isto um jornalismo de paz, que promova a compreensão entre as pessoas.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais – único dia mundial estabelecido pelo Concílio Vaticano II, no decreto "Inter Mirifica", em 1963, -  é celebrado em muitos países, por recomendação dos bispos, no Domingo da Ascensão, sucessivo à Solenidade de Pentecostes. Em 2018, no dia 13 de maio.

Segue o texto da Mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais publicado, a cada ano,  no dia em que a Igreja recorda a memória de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, 24 de janeiro.


Verdades

Padre Zezinho

Das verdades que Jesus nos ensinou
Uma delas não consigo esquecer
Que se um homem não tem nada pra comer
E um outro tem demais em sua mesa,
Um dos dois vai pro inferno ao morrer.

Uma outra que em meu coração ficou
muitas vezes eu me
Recordo ao meditar,
quem quiser seguir os passos de Jesus
não se apegue a mais ninguém senão ao reino
e  por ele agarre firme a sua cruz.

Verdades que acredito, verdades de Jesus
verdades que eu medito e
que me trazem tanta luz.
verdades que você
Procura sem saber,
verdades que nós dois custamos tanto
 a entender. (bis)


Das verdades que ao partir Jesus deixou
eu recordo a
 do contexto social
que se alguém quiser subir de
lave os pés dos seus irmãos com quem convive
e lidere sem pisar no seu irmão.


( CD Verdades, Pe. Zezinho, scj)
https://www.youtube.com/watch?v=qDBNXg5hPZc



Mensagem Papa Francisco
52º Dia Mundial das Comunicações Sociais
13 de maio de 2018
Tema: Fake news[1] e jornalismo de paz
Lema: “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32)

Queridos irmãos e irmãs!
No projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão. Imagem e semelhança do Criador, o ser humano é capaz de expressar e compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo. É capaz de narrar a sua própria experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos acontecimentos.
Mas, se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a própria faculdade de comunicar, como o atestam, já nos primórdios, os episódios bíblicos dos irmãos Caim e Abel e da Torre de Babel (cf. Gn 4, 1-16; 11, 1-9).
Sintoma típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual como no coletivo.
Se, pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem.
Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenômeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto nos convida a refletir, sugerindo-me dedicar esta Mensagem ao tema da verdade, como aliás já mais vezes o fizeram os meus predecessores a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: «Os instrumentos de comunicação social ao serviço da Verdade»).
Gostaria, assim, de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.

1. Que há de falso nas «notícias falsas»?
A expressão fake news é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação transmitida on-line ou nas mídias tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos.
A eficácia das fake news fica-se a dever, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, ou seja, à capacidade de se apresentar como plausíveis.
Falsas mas verossímeis, tais notícias são capciosas, no sentido que se mostram hábeis a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração.
A sua difusão pode contar com um uso manipulador das redes sociais e das lógicas que subjazem ao seu funcionamento: assim os conteúdos, embora desprovidos de fundamento, ganham tal visibilidade que os próprios desmentidos categorizados dificilmente conseguem circunscrever os seus danos.
A dificuldade em desvendar e erradicar as fake news é devida também ao fato de as pessoas interagirem muitas vezes dentro de ambientes digitais homogêneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões divergentes.
Esta lógica da desinformação tem êxito, porque, em vez de haver um confronto sadio com outras fontes de informação (que poderia colocar positivamente em discussão os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas.
O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos.
Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.

2. Como podemos reconhecê-las?
Nenhum de nós pode se eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades.
Não é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos variegados, deliberadamente evasivos e subtilmente enganadores, valendo-se por vezes de mecanismos refinados.
Por isso, são louváveis as iniciativas educativas que permitem apreender como ler e avaliar o contexto comunicativo, ensinando a não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento.
Igualmente louváveis são as iniciativas institucionais e jurídicas empenhadas na definição de normativas que visam circunscrever o fenômeno, e ainda iniciativas, como as empreendidas pelas tech[2] e media company[3], idôneas para definir novos critérios capazes de verificar as identidades pessoais que se escondem por detrás de milhões de perfis digitais.
Mas a prevenção e identificação dos mecanismos da desinformação requerem também um discernimento profundo e cuidadoso.
Com efeito, é preciso desmascarar uma lógica, que se poderia definir como a «lógica da serpente», capaz de se camuflar e morder em qualquer lugar. Trata-se da estratégia utilizada pela serpente – «o mais astuto de todos os animais», como diz o livro do Gênesis (cf. 3, 1-15) – a qual se tornou, nos primórdios da humanidade, artífice da primeira fake news, que levou às trágicas consequências do pecado, concretizadas depois no primeiro fratricídio (cf. Gn 4) e em inúmeras outras formas de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação.
A estratégia deste habilidoso «pai da mentira» (Jo 8, 44) é precisamente a mimese, uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes.
De fato, na narração do pecado original, o tentador aproxima-se da mulher, fingindo ser seu amigo e interessar-se pelo seu bem. Começa o diálogo com uma afirmação verdadeira, mas só em parte: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?» (Gn 3, 1).
Na realidade, o que Deus dissera a Adão não foi que não comesse de nenhuma árvore, mas apenas de uma árvore: «Não comas o [fruto] da árvore do conhecimento do bem e do mal» (Gn 2, 17). Retorquindo, a mulher explica isso mesmo à serpente, mas deixa-se atrair pela sua provocação: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Nunca o deveis comer nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis”» (Gn 3, 2-3).
Esta resposta tem sabor a legalismo e pessimismo: dando crédito ao falsário e deixando-se atrair pela sua apresentação dos fatos, a mulher extravia-se. Em primeiro lugar, dá ouvidos à sua réplica tranquilizadora: «Não, não morrereis» (3, 4). Depois a argumentação do tentador assume uma aparência credível: «Deus sabe que, no dia em que comerdes [desse fruto], abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal» (3, 5). Enfim, ela chega a desconfiar da recomendação paterna de Deus, que tinha em vista o seu bem, para seguir o aliciamento sedutor do inimigo: «Vendo a mulher que o fruto devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto (…) agarrou do fruto, comeu» (3, 6). Este episódio bíblico revela assim um fato essencial para o nosso tema: nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas. Mesmo uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos.
De fato, está em jogo a nossa avidez. As fake news tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com grande rapidez e de forma dificilmente controlável, não tanto pela lógica de partilha que carateriza os meios de comunicação social como sobretudo pelo fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano.
As próprias motivações econômicas e oportunistas da desinformação têm a sua raiz na sede de poder, ter e gozar, que, em última instância, nos torna vítimas de um embuste muito mais trágico do que cada uma das suas manifestações: o embuste do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração. Por isso mesmo, educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem «mordendo a isca» em cada tentação.

3. «A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32)
De fato, a contaminação contínua por uma linguagem enganadora acaba por ofuscar o íntimo da pessoa. Dostoevskij deixou escrito algo de notável neste sentido: «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).
E então como defender-nos? O antídoto mais radical ao vírus da falsidade é deixar-se purificar pela verdade.
Na visão cristã, a verdade não é uma realidade apenas conceitual, que diz respeito ao juízo sobre as coisas, definindo-as verdadeiras ou falsas. A verdade não é apenas trazer à luz coisas obscuras, «desvendar a realidade», como faz pensar o termo que a designa em grego: aletheia, de a-lethès, «não escondido».
 A verdade tem a ver com a vida inteira. Na Bíblia, reúne os significados de apoio, solidez, confiança, como sugere a raiz “aman”. Desta provém o próprio Amém litúrgico.
A verdade é aquilo sobre o qual podemos nos apoiar para não cair. Neste sentido relacional, o único verdadeiramente fiável e digno de confiança sobre o qual se pode contar, ou seja, o único «verdadeiro» é o Deus vivo.
Eis a afirmação de Jesus: «Eu sou a verdade» (Jo 14, 6). Sendo assim, o homem descobre sempre mais a verdade, quando a experimenta em si mesmo como fidelidade e fiabilidade de quem o ama. Só isto liberta a pessoa: «A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32).
Libertação da falsidade e busca do relacionamento
Estes são dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis. Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor.
Por isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca. Além disso, não se termina jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras.
De fato, uma argumentação impecável pode basear-se em fatos inegáveis, mas, se for usada para ferir o outro e desacreditá-lo à vista alheia, por mais justa que pareça, não é habitada pela verdade.
A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se suscitam polêmica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade.
4. A paz é a verdadeira notícia
O melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas: pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem. Se a via de saída da difusão da desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista, guardião das notícias. No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira e própria missão.
No meio do frenesi das notícias e na voragem dos scoop[4], tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas.
Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz.
Por isso desejo convidar para que se promova um jornalismo de paz, sem entender, com esta expressão, um jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves e assuma tons melífluos.
Pelo contrário, penso num jornalismo sem enganos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado em indicar soluções alternativas ao aumento do clamor e da violência verbal.
Por isso, inspirando-nos numa conhecida oração franciscana, poderemos dirigir-nos, à Verdade em pessoa, nestes termos:
Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação
que não cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem
para o mundo:
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade,
fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.
Amém.


Vaticano, 24 de janeiro de 2018, Memória de São Francisco de Sales
Franciscus





Para refletir

O que dizer sobre fake news?
Para o professor Diogo Rais, fake news são notícias falsas, mas que aparentam ser verdadeiras.
Não é uma piada, uma obra de ficção ou uma peça lúdica, mas sim uma mentira revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade.
Quantas pessoas são enganadas pela falta de apuração e veracidade da notícia.
O indivíduo perde, muitas vezes, sua referência de imprensa imparcial e não busca o diferente em um jornalismo mais esclarecedor.
A criação da Mídia Ninja[5], por exemplo,  foi resultado da insatisfação popular em relação aos veículos tradicionais de informação. Congrega jornalistas voluntários que cobrem pautas independentes. Assim se definem:
Surgimos em meio a multidão. Nossas câmeras contam histórias de um processo de efervescência global. Da luta contra o golpe às pautas feministas, das eleições às ocupações por moradia, da luta indígena às agendas do movimento negro, do campo ao meio ambiente.“
Esta mídia rompeu em parte com a hegemonia da informação, mas não garantiu o total compromisso com a verdade de forma imparcial.
Ao lado das fake news ou reforçando estas, está a pós-verdade.




A Pós-verdade[6] contradiz a verdade?
De acordo com o dicionário, a palavra pós-verdade é composta do prefixo “pós” que não se refere apenas ao tempo seguinte, a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas a uma época em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante. Neste caso, o conceito de verdade. Portanto, pós-verdade se refere ao momento em que a verdade já não é mais importante como já foi e é relativizada.
Mas o que é pós-verdade, e onde a encontramos, hoje?
Encontramos pós-verdade na política, nas escolas, na família, na internet, em páginas de Facebook, vídeos no Youtube e o público a absorve como verdadeira  exatamente porque “gostariam” que fosse verdadeira.
É um desvirtuamento ou distorção da verdade e de seus valores.
Pode se dar uma notícia falsa ou fazer uma chamada que não traduz o verdadeiro conteúdo da informação.  Este pode ser modificado por meio de edição que recorta o início da notícia e a cola ao parágrafo final, por exemplo. O sentido fica bastante alterado.
Existem ainda distorções e invenções falsas. É muito frequente este tipo de fake news na política.
Outros tipos de notícias falsas
Podemos identificar vários tipos de notícias falsas.
A  jornalista Claire Wandle criou uma lista de sete tipos de notícias falsas que podem ser identificadas nas redes:
  Sátira ou paródia: sem intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar.
  Falsa conexão: são manchetes, imagens ou legendas que dão falsas dicas do que é o verdadeiro conteúdo.
  Conteúdo enganoso: é uma informação contrária a um assunto ou a uma pessoa.
  Falso contexto: trata-se de conteúdo correto compartilhado com um contexto falso.
  Conteúdo impostor: são fontes - pessoas, organizações, entidades - que têm seus nomes usados com afirmações que não são suas.
  Conteúdo manipulado:  informação ou ideia verdadeira manipulada para enganar o público
  Conteúdo fabricado: conteúdo construído com intuito de desinformar o público e causar algum mal.

Berço das notícias falsas. Quais as fontes?
As “fake news”,  aparecem  principalmente na internet, nas redes sociais, em portais falsos de notícias. São  ampliadas e divulgadas até por jornalistas que passam informações truncadas às pessoas.
Onde surgem? Notícias falsas são criadas e ganham divulgação por grupos diversos: de política, publicidade, religião, seitas,  grupos e comunidades. São divulgadas em páginas do facebook, em sites, nas redes sociais, onde compartilham suas crenças e (des)informam as pessoas, às vezes até o fanatismo.
 Existem também outras maneiras mais sofisticadas, em que há uso de robôs e mecanismos da internet próprios para disseminar conteúdos falsos.

Essas notícias são também fabricadas. Um exemplo: o site intitulado “Sensacionalista” . Traz o slogan: “um jornal isento da verdade” [7].  

 

Assim, antes de tudo, antes de compartilhar e ampliar a notícia, é preciso considerar  a fonte da informação.
Procurar  entender a missão, o objetivo e o  propósito da informação, comparando a outras publicações.
Ler além do título: títulos chamam atenção, mas nem sempre correspondem ao conteúdo.
Checar os autores: verificar se eles realmente existem e se são confiáveis.
Buscar fontes de apoio: outras fontes podem confirmar ou negar as notícias.
Verificar a data da publicação: ver se a história ainda é relevante e se está atualizada.
Questionar se é uma piada. O texto pode ser uma sátira.
Revise os preconceitos: os ideais ou até, ideologias podem estar afetando o julgamento.
Consultar especialistas: procurar uma confirmação de pessoas independentes com conhecimento.
Usar o senso crítico. Descobertos a fonte e os motivos pelos quais as falsas notícias são feitas, agir com responsabilidade e  não repassar boatos .
Hoje também se fala e pensa em pós-verdade -  os fatos importam menos do que aquilo em que as pessoas escolhem acreditar - ou seja, são tempos em que a verdade foi substituída pela opinião.

Causas das distorções nas notícias
Por que uma notícia nasce distorcida? Há diversos fatores para a criação de notícias falsas.
Um deles é a descrença na imprensa e a utilização das fake news como um negócio, para atingir objetivos de interesse próprio.
Em estudos sobre os motivos pelos quais são feitas as fake news, chegou-se ao seguinte resultado:
- os motivos podem ser um jornalismo mal-feito;
- são paródias, provocações ou intenção de “pregar peças”;
- pode ser paixão; impressiona o ódio que algumas fake news desperta em pessoas e massas. Antigamente se dizia, “massas de manobra”.
- pode ser o objetivo de motivar partidarismo;
- obter lucro; notícias falsas se tornaram um negócio rendoso;
- influência política e propaganda. É muito bem ilustrada a questão da propaganda no filme Crazy People[8].
. Há também as manchetes chamadas de “iscas de clique” (clickbait[9]). Foi o caso de um brasileiro que chegou a fazer 100 mil reais mensais de lucro com sites de notícias falsas, segundo um mapeamento da  Folha de São Paulo.

Verificando uma notícia falsa
Fact-cheking
Existe e se faz fact-cheking[10] é, a checagem de fatos. Essa atividade sempre foi uma premissa do trabalho dos jornalistas. Qualquer afirmação de um político profissional, de um CEO de uma empresa ou até mesmo de um cidadão comum deveria ser checada como verdadeira ou não. Toda e qualquer notícia, reportagem ou matéria jornalística deveria ter seus fatos completamente verificados, as fontes deveriam ser confiáveis e assim por diante.
O problema é que isso não estava sendo feito em todas as notícias e os jornais replicavam falas, afirmações, dados e números que não eram verdade – ou continham algum grau de inverdade ou exagero. O nicho jornalístico de fact-checking foi criado por uma série de motivos:
·         antes da existência das redes sociais, o público recebia notícias por meio dos jornais, que tinham jornalistas profissionais checando – mesmo que seletivamente – as informações. Com as redes sociais, um político profissional, uma jogadora de vôlei e um sociólogo estão a um clique de distância do público – um tweet, um post no Facebook, uma foto no Instagram. Mas quem verifica as informações que eles repassam?
·         o enxugamento das redações sobrecarrega os repórteres, que nem sempre conseguem checar todas as informações de uma matéria – afinal, os jornais ainda são uma ferramenta poderosa e de credibilidade para as pessoas;
·         a competitividade entre os veículos de informação, que correm atrás do “furo jornalístico” – quem dá primeiro a notícia – e nem sempre checam completamente a veracidade dos fatos que publicam;
·        o fenômeno conhecido como pós-verdade.
O fact-checking hoje é uma especialidade do jornalismo e inspirou a criação de diversas agências, espalhadas por todo o mundo – são pelo menos 114 times de checagem de fatos em 47 países. Surgiu da urgência que muitos jornalistas viam em fazer um trabalho de apuração mais minucioso e não simplesmente replicar falas, informações e dados como fatos.
A história do fact-checking começou em 1991, quando o jornalista Brooks Jackson recebeu, em sua redação na CNN, em Washington (EUA), a tarefa de checar a veracidade dos anúncios de TV dos candidatos à presidência do país na época, Bill Clinton e George Bush. Ele fundou, então, a primeira agência de checagem de propaganda eleitoral: a “Ad Police”. Seu trabalho teve tanto sucesso que fundou, em 2003, o primeiro site independente de checagem de fatos, o FactCheck.org. Daí em diante, várias outras agências foram sendo criadas.
No Brasil, existem algumas plataformas dedicadas ao fact-checking, entre elas: a Lupa, o Aos Fatos e o Truco – uma parceria entre a Agência Pública e o blog Congresso em Foco. A primeira experiência brasileira com a checagem de fatos foi em 2010, durante as campanhas eleitorais, num projeto do jornal Folha de S. Paulo chamado Mentirômetro e Processômetro, que verificava o grau de veracidade de declarações dos políticos.


A  verdade liberta
A pesquisadora Claire Wardle, em um artigo no First Draft News, acredita que para combater de fato as fake news precisamos entender três pilares:
Os diferentes tipos de conteúdos que estão sendo criados e compartilhados.
As motivações de quem cria esse conteúdo;
As maneiras com que esse conteúdo é comunicado.
Um exemplo. A sátira  é utilizada sem o intuito de mal informar. No Brasil, há o portal Sensacionalista, muito conhecido e famoso. Ele tem o slogan: “um jornal isento de verdade”. A frase é, por si só, ambígua: pode significar que o jornal é realmente isento, objetivo e imparcial ou que ele é isento em publicar verdade, ou seja, publica mentiras. Esse segundo entendimento é o correto.
O Sensacionalista[11] produz notícias falsas como se fossem verdadeiras, mas com o objetivo de construir críticas sobre acontecimentos mundiais por meio da ironia e da sátira, não de desinformar as pessoas. Mas apesar de todos esses fatores, pode haver confusão e o público considerar o seu conteúdo verídico.

Modelo de comunicação libertadora
O que o papa Francisco falou à comunicação na Igreja
No dia 16 de dezembro de 2017, o papa Francisco recebeu na Sala Clementina 350 membros da União da Imprensa Periódica Católica (USPI) e da Federação Italiana dos Semanários Católicos (FISC). Falou de comunicação e de como evitar cair nos pecados da comunicação. Esta experiência  italiana pode servir de parâmetro para a comunicação eclesial em todas as nações.
A Imprensa periódica e Semanários Católicos italianos, representam cerca de 3 mil órgãos e possuem a riqueza de serem voz das diversas comunidades locais.
O papa lhes disse que têm uma das mais importantes missões do mundo, a de informar corretamente, a de dar a todos uma versão dos fatos a mais próxima possível da realidade:
“Sois chamados a tornar acessível a um vasto público problemáticas complexas, de modo a fazer uma mediação entre o conhecimento à disposição dos especialistas e a possibilidade concreta de sua ampla divulgação. A vossa voz livre e responsável é fundamental para o crescimento de qualquer sociedade que se considere democrática, a fim de que seja contínua a troca de ideias e um profícuo debate baseado em dados reais e corretamente reproduzidos”.
O papa chamou a atenção ainda para o nosso tempo dominado pela ânsia da velocidade, pelo sensacionalismo, em detrimento da precisão, da emotividade, em vez da reflexão ponderada, sente-se a premente necessidade de uma informação confiável, com dados e notícias verificáveis, e que faça crescer no usuário o sentido crítico e não faça dele uma presa fácil para manipulações.
Uma exigência à qual – afirmou Francisco – a média e pequena editoria pode responder facilmente, pois que possui na sua índole vínculos saudáveis que a ajudam a gerar uma informação menos sujeita à pressão. Com efeito, é geneticamente mais ligada à seu espaço territorial, mais próxima da vida quotidiana das comunidades e aos fatos na sua realidade, realidade que não encontra espaço facilmente nos outros canais de  comunicação.
Bússola ou orientação
Quanto aos semanários diocesanos, membros da Federação Italiana Semanários Católicos (FISC) que está comemorando 50 anos de fundação, o papa disse que podem ser “úteis instrumentos de evangelização”, de diálogo e comunicação entre os várias componentes eclesiais. Trabalhar nestes meios significa sentir a proximidade das pessoas, ler os acontecimentos à luz do Evangelho e do magistério da Igreja. Estes elementos são, no dizer do papa, a “bússola” do modo peculiar de fazer jornalismo, de dar notícias, de expor opiniões.

Renovação de linguagem
Os semanários diocesanos, integrados nas novas formas digitais de comunicação, são importantes e “necessitam de um renovado empenho da parte dos Pastores e de toda a comunidade cristã  - frisou o papa, recomendando uma linguagem simples, palavras ponderadas e claras, que afastam o discurso agressivo e ambíguo.
Pecados da comunicação
É importante dar à opinião pública instrumentos para poder compreender e discernir sobre a informação que recebe e não fique confusa e desorientada. O direito à informação correta, assim como a dignidade das pessoas foram igualmente sublinhados pelo papa que disse:
“Não se deve cair nos “pecados da comunicação”: a desinformação, isto é, dizer só uma parte, a calúnia, que é sensacionalista, ou a difamação, procurando coisas ultrapassadas, velhas, e trazendo-as, hoje, à luz. São pecados gravíssimos, que prejudicam o coração do jornalista e prejudicam as pessoas.”


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Entrevista

Antídoto para o veneno das fake news
Entrevistado: Mons. Dario Edoardo Vigano, prefeito da Secretaria para a Comunicação no Vaticano.
 As fake news são um dos elementos que envenenam as relações. São notícias com sabor de verdade, mas de fato infundadas, parciais, ou até mesmo falsas., alerta o prefeito da Secretaria para a Comunicação
Foi divulgada hoje, como é tradição, a mensagem do Papa Francisco para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada «“A verdade vos tornará livres”. (Jo 8,32) Fake news e jornalismo de paz». Pedimos a Mons. Dario Edoardo Viganò, prefeito da Secretaria para a Comunicação, uma primeira reflexão sobre o texto.

Mons. Viganò, a deste ano é a segunda mensagem do papa desde quando é “atuante” a Secretaria para a Comunicação. O que os dois textos têm em comum é o horizonte bíblico, já lembrado pelo título: “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5), em 2017; “A verdade vos tornará livres”. (Jo 8,32), em 2018.
Não é uma escolha casual. De fato, toda a mensagem, mesmo em suas notas de atualidade, é baseada em uma forte raiz bíblica, bem como a do ano passado. O Santo Padre, desde o início do texto, lembra os episódios de Caim e Abel e da Torre de Babel (Gn 4: 1-16; 11: 1-9), precisamente para explicar que quando “o homem segue o seu próprio orgulhoso egoísmo, também pode fazer um uso distorcido da faculdade de comunicar”. Como podemos esquecer a Carta aos Hebreus? “Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (Hb 1: 1-2). Toda a história da salvação, isto é, da aliança renovada continuamente por Deus fiel ao povo muitas vezes infiel, é um diálogo interligado com chamadas, chamadas e bençãos. Até a manifestação de Jesus que, como o texto diz, é a Verdade. Esta é a pedra angular da mensagem, sobre a qual se baseiam depois as reflexões e o convite final do Papa para “promover um jornalismo de paz”. “Eu sou a verdade” (Jo 14, 6) não é uma afirmação conceitual ou um conhecimento abstrato. Em Cristo, as duas naturezas, a humana e a divina, não se confundem, mas se co-pertencem em uma unidade pessoal. A revelação de Deus em Cristo conserva a alteridade, tornando assim a verdade marcada pelo relacionamento. Somente isso liberta o homem: “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32).

Portanto, uma forte referência à qualidade das relações que vem do cenário bíblico.
Na perspectiva relacional, fica claro o quanto a comunicação possa construir e quanto possa matar. Caim e Abel, bem como a Torre de Babel, são a prova clara disso. Não só ... Há um belo texto de Dostoevski, que o papa cita na mensagem: «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2). Interroguemo-nos, portanto sobre a qualidade do nosso relacionamento com os outros e conosco mesmo. “A comunicação humana - recorda o Papa - é uma modalidade essencial de viver a comunhão”. Mas se nossos relacionamentos são envenenados, de que comunhão poderíamos viver?

Para complicar as coisas, então, há falsas notícias, as chamadas fake news. Não são também elas essa causa desse envenenamento?
As fake news são um dos elementos que envenenam as relações. São notícias com sabor de verdade, mas de fato infundadas, parciais, ou até mesmo falsas. Nas fake news o problema não é a não veracidade, que é muito evidente, mas a verossimilhança. Na mensagem, o Santo Padre fala muito disso, lembrando a estratégia usada pela “serpente astuta”, da qual o Livro do Gênesis fala, “a qual, nos primórdios da humanidade, tornou-se a autora da “primeira fake news” (cfr Gn 3,1-15), o que levou às trágicas consequências do pecado, concretizando-se depois no primeiro fratricídio (cfr Gn 4) e em outras formas inumeráveis forma de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação”. É difícil reconhecer as fake news porque tem uma fisionomia mimética: é a dinâmica do mal que sempre se apresenta como um bem facilmente alcançável. A eficácia dramática deste gênero de conteúdos está precisamente no mascarar a própria falsidade, na capacidade de se apresentar como plausíveis para alguns agindo sobre competências, expectativas, preconceitos enraizados dentro de grupos sociais mais ou menos amplos. Por esta razão, as fake news são particularmente insidiosas, dotadas de uma capacidade de capturar a atenção dos destinatários de modo notável. Aspectos acentuados pelo papel das redes sociais na iniciação e propagação, que, unidos a um uso manipulador, acabam levando a formas de intolerância e ódio.
Qual o antídoto para o veneno das fake news?
 As falsas notícias, de fato, surgem do preconceito e da incapacidade de ouvir. “O melhor antídoto contra as falsidades – escreve o Santo Padre na mensagem - é deixar-se purificar pela verdade”. Só assim podemos contrastar, desde o seu surgimento, preconceitos e surdez, que não fazem nada senão interromper toda forma de comunicação, fechando tudo em um círculo vicioso. A capacidade de ouvir e, portanto, de diálogo exige uma maturidade humana que favoreça adaptações às diversas e inesperadas circunstâncias. A comunicação não é apenas transmissão de notícias: é disponibilidade, enriquecimento mútuo, relacionamento. Somente com um coração livre e capaz de escuta atenta e respeitosa, a comunicação pode construir pontes, oportunidades de paz sem fingimentos. Tudo isso nos exorta a não desistir na busca e na propagação da verdade, especialmente na educação dos jovens. Como recordava Paulo VI (cfr. Mensagem 1972: “As Comunicações sociais a serviço da verdade”): “O homem, e mais ainda o cristão, nunca abdicará jamais de sua capacidade de contribuir para a conquista da verdade: não só aquela abstracta ou filosófica, mas também aquela concreta e cotidiana de cada acontecimento: se o fizesse, prejudicaria sua própria dignidade pessoal”.

De que maneira os jornalistas e as instituições podem colocar em prática essa mensagem?
Em primeiro lugar, penso que seja colocar novamente no centro do debate a responsabilidade pela comunicação. Esse valor, junto com a liberdade de expressão, é capaz de tornar a comunicação mesma lugar de escuta, de diálogo e até mesmo de dissidência, ainda que nas formas da dialética normal da interação. Portanto, partindo dos requisitos básicos exigidos pela deontologia profissional, é necessário reconstruir o contexto para que os fatos relatados possuam uma luz autêntica sem sombras de meias verdades ou de verossimilhanças. Neste processo, creio que tanto os cidadãos como as instituições devem encontrar novas formas de alianças que vão da escola à política até às federações profissionais. Caso contrário, a profissão jornalística perderá além da credibilidade também a sua identidade.
Fonte: vatican.news
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Sugestões para reflexão pessoal ou em grupo


 1.   Filme: Crazy People
Duração 1h 30min - Direção: Tony Bill - Elenco: Dudley Moore, Daryl Hannah, Paul Reiser - Gênero Comédia - Nacionalidade EUA
Um publicitário, Emory Leeson (Dudley Moore), atravessa um momento delicado quando sua esposa o abandona. Ele repentinamente tem uma crise de honestidade e cria uma campanha publicitária que é calcada em dizer só a verdade sobre cada produto. Charles F. Drucker (J.T. Walsh), seu chefe, recusa tal idéia, pois a considera absurda e o obriga a se internar para ter tratamento psiquiátrico. Mas o material da campanha equivocadamente é impresso e se torna um enorme sucesso. Emory é chamado de volta mas ele não quer deixar a instituição, pois se apaixonou por Kathy Burgess (Daryl Hannah), uma das pacientes. Ainda internado Emory elabora novas campanhas, sendo ajudado pelos outros internos. Drucker, que no passado recusou a verdade como base de uma campanha, se comporta como o gênio da criação, que fez a mais ousada campanha de marketing.
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Seguem sugestões de diversos vídeos, filmes, textos e documentários para ajudar na reflexão do tema.

     2.    Programa:  Assembleia Debate: Fake News ( Duração: 55:02)
https://www.youtube.com/watch?time_continue=141&v=Yg9AK9moEs4
O programa Assembleia Debate recebe, o professor da faculdade Cásper Líbero, Luís Mauro Sá Martino, Rafael Fonseca Santos coordenador do curso de jornalismo do Mackenzie, Fernanda Dabori presidente de ADVICE, Ana Beatriz Anjos repórter da Agência Pública.
Para debater os impactos das Fake News.
Apresentação: Mauro Frysman

3.      Documentário: 'Fake News: Baseado em fatos reais’ fala das notícias falsas - GloboNews
Duração: 05:17
http://g1.globo.com/globo-news/globo-news-documentario/videos/v/globonews-documentario-fake-news-baseado-em-fatos-reais-fala-das-noticias-falsas/6186649/
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     4.     Comentário: Mario Sergio Cortella ● FAKE NEWS ( Duração: 02:04)
https://www.youtube.com/watch?v=vrq6RVnv6hw
Notícias falsas são uma indução ao engano
Por serem veiculadas na internet ou pela mídia, as fake news acabam ganhando contornos de veracidade. O escritor Charles Caleb Colton afirmava que 'a má informação é mais desesperadora do que a não informação'.
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     5.    Comentário: O que é fake news?
Duração: 5:30
 https://www.youtube.com/watch?v=FOZ0irgLwxU
Publicado em 29 de jun de 2017
O que é uma "Fake News" - notícia falsa? Donald Trump está correto quando diz que a CNN, o New York Times e outros grandes meios de comunicação informam notícias falsas? O comentarista e autor de best-seller Andrew Klavan explica.

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    6.  Comentário: Podemos Confiar na Imprensa? Judith Miller
(Duração: 5:55)
A imprensa é confiável? Podemos acreditar no que os repórteres e jornalistas nos dizem? Judith Miller, ex-repórter vencedora do Prêmio Pulitzer para o New York Times, explica por que a confiança dos americanos na mídia caiu, e por que isso é importante.
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     7.    Entrevista:  Teoria das mídias digitais ( Duração: 20:20)
Tribuna Independente: entrevista com Luis Mauro Sá Martino
https://www.youtube.com/watch?v=4ILJeFK74uQ
Entrevista concedida pelo professor e jornalista Luis Mauro Sá Martino ao programa "Tribuna Independente", exibido pela REDEVIDA de Televisão em 15/12/2014. Em destaque na conversa, está o livro "Teoria das Mídias Digitais: Linguagens, Ambientes e Redes" - Editora Vozes.
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     8.    Redação: Era pós-verdade
Duração: 5:20
Nat Dumke
 https://www.youtube.com/watch?v=riLG9OiYszw
Redação ENEM: Analisando o tema ERA PÓS VERDADE
Problema, causa, consequência e solução
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     9.  Comentário:  Como se espalham as notícias falsas — Noah Tavlin
Duração: 3:41
https://www.youtube.com/watch?v=cSKGa_7XJkg
Nas décadas passadas, a maior parte das notícias de alcance global provinham de alguns jornais e agências importantes com recursos para reunir informações diretamente. Contudo, a velocidade com que as informações se espalham hoje, tem criado as condições ideais para uma coisa chamada "notícias circulares". Noah Tavlin esclarece este fenômeno.


10.  Comentário:  Pós verdade e fake news

Duração: 3:39

 LEANDRO KARNAL

https://www.youtube.com/watch?v=JGuuyP9N3PI
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11. Comentário:  Pós-Verdade O impacto das redes sociais na vida das pessoas
• Leandro Karnal
https://www.youtube.com/watch?v=qIM89h80cSk
Eleita palavra do ano pelo dicionário "Oxford", a pós-verdade definiu 2016. Isso porque atualmente os fatos importam menos do que aquilo em que as pessoas escolhem acreditar - ou seja, são tempos em que a verdade foi substituída pela opinião.
trecho do programa Ponto a Ponto do dia 20/03/2017
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12. Bate-papo: Quem somos nós?
Duração: 1h08min18
Conhecido por suas análises do consumismo pós-moderno, o filósofo polonês Zygmunt Bauman é o assunto do Quem Somos Nós? Ele terá a obra e pensamento analisados pelo professor Luís Mauro Sá Martino, em um bate-papo com Celso Loducca.
 - https://www.youtube.com/watch?v=exRPweoBDfc
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13. Temas – Princípios editoriais da Folha de são Paulo -
No final do mês de março de 2017, o jornal Folha de S. Paulo divulgou seu novo Projeto Editorial. Um dos focos principais do texto está na distinção entre o compromisso com o exercício de um jornalismo responsável e profissional e a atual proliferação de notícias falsas e aproveitadoras nos meios digitais.
Um dos apontamentos que constam no Projeto Editorial é a necessidade da prática do pluralismo de informações, fontes e opiniões, para que haja uma ampliação na percepção que o público tem a respeito dos fatos apurados. Esse procedimento ajudaria na credibilidade das notícias e, consequentemente, do veículo que a praticasse.
Em associação a isto, a Folha publicou dentro de seu texto uma cartilha com doze princípios editoriais, que podem ser verificados no link anexo.
14. Fake news – O que isso tem a ver comigo? – Jornal O São Paulo

15. Fake news: estudo revela como nasce e se espalha uma notícia falsa na web (Edição do dia 25/02/2018, 25/02/2018 23h15 - Atualizado em 25/02/2018 23h15

16. fake news - Guerrilha Virtual  - Fantástico
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2018/02/fake-news-estudo-revela-como-nasce-e-se-espalha-uma-noticia-falsa-na-web.html
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Rezar a verdade com a Palavra

Canto: A verdade vos libertará
Letra e música: Padre Zezinho,scj
Interpretação:  Antonio Cardoso

A Verdade vos libertará. libertará
A verdade vos libertará, libertará

Não temais os que matam o corpo
Não temais os que armam ciladas
Não temais os que vos caluniam
Nem aqueles que portam espadas
Não temais os que tudo deturpam
pra não ver a justiça vencer
Tende medo somente do medo
De quem mente pra sobreviver
Tende medo somente do medo
De quem mente pra sobreviver

A Verdade vos libertará. libertará
A verdade vos libertará, libertará

Não temais os que vos ameaçam
Com a morte ou com difamação
Não temais os poderes que passam -
Eles tremem de armas na mão
Não temais os que ditam as regras
Na certeza de nunca perder
Tende medo somente do medo
De quem cala ou finge não ver
Tende medo somente do medo
De quem cala ou finge não ver

Não temais os que gritam nas praças
Que está tudo perfeito e correto
Não temais os que afirmam de graça
Que vós nada trazeis de concreto
Não temais o papel de profetas
Que o papel do profeta é falar
Tende medo somente do medo
De quem acha melhor não cantar
Tende medo somente do medo
De quem acha melhor não cantar

A Verdade vos libertará. libertará
A verdade vos libertará, libertará

Palavra de Deus -Jo 8,31-32
Então Jesus disse para as autoridades dos judeus que tinham acreditado nele: «Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos;  conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês.»
Outros textos: Lc 20,20-26; 2Cor 6,3-10; Jo 3,19-21; Jo 18,33-38.

Preces bíblicas
1.     “Vossa verdade me oriente e me conduza” (Sl 25, 5). Vós, que confiastes à Igreja a plenitude da verdade e da vida para conduzir a todos os povos no caminho da salvação, conduza todos os pastores da Igreja para serem cooperadores da verdade.
Todos: A verdade nos libertará
2.    “Tu és, Senhor o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 6,14). Para que tua Verdade ilumine nossas mentes e faça de nós comunicadores da luz que vem de ti. Rezemos ao Senhor.
Todos: A verdade nos libertará

3.    " Eu escolhi o caminho da verdade, e me conformo com as tuas normas". (Sl 119,30). Senhor, que  nossos caminhos, nas mais diversas formas de comunicação, sejam pautados pela tua verdade.
 Todos: A verdade nos libertará

4.     
"Quem diz a verdade proclama a justiça" (Sb 12,17). Que em nossas publicações, campanhas, redes, imagens e falas digamos sempre a verdade e assim, proclamemos a justiça. Todos: A verdade nos libertará

5.     
" O amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade" (1Cor 13, 6). Que amemos, Senhor, e nos alegremos com o que é justo e verdadeiro. Todos: A verdade nos libertará


6.    "Estejam, portanto, bem firmes: cingidos com o cinturão da verdade" ( Ef 6,14). Que cada comunicador e comunicadora esteja sempre firme com o cinturão da verdade. Todos: A verdade nos libertará
7.     

"Nada podemos contra a verdade; só temos poder em favor da verdade." (2Cor 13,8). Que possamos viver esta máxima paulina em tudo que escrevermos, falarmos, publicarmos, compartilharmos. Todos: A verdade nos libertará

Oração (Papa Francisco):
Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal
que se insinua em uma comunicação
que não cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam
sementes de bem  para o mundo:
onde houver rumor,
fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão,
fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade,
fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão,
fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo,
fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade,
fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos,
fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade,
fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade,
fazei que levemos verdade.
Amém.

Canto: Ó Trindade
Ir. Maria Luiza Ricciardi
Ó Trindade, vos louvamos, vos louvamos pela vossa comunhão.                                
Que esta mesa favoreça, favoreça nossa comunicação.

1)Contra toda a tentação da ganância e do poder, 
Nossas bocas gritam juntas a palavra do viver.

2) Na montanha com Jesus no encontro com o Pai,
Recebemos a mensagem: “ide ao mundo e o transformai”.

3) Deus nos fala na história  e nos chama à conversão:
Vamos ser palavras vivas proclamando a salvação.

4) Vamos juntos festejar cada volta de um irmão.
É o amor que nos acolhe, restaurando a comunhão.

5) Comunica quem transmite a verdade e a paz,
Quem semeia a esperança e o perdão que nos refaz.








[1] Fake news.  Desinformação transmitida on-line ou nas mídias tradicionais.

[2] Tech é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e a aplicação deste conhecimento através de sua transformação no uso de ferramentas, processos e materiais criados e utilizados a partir de tal conhecimento 
[3] Conglomerado de mídia, grupo de mídia, ou instituição de mídia é uma empresa que possui numerosas empresas em vários meios de comunicação de massa; ou seja, na televisão, rádio, publicações, filmes e na internet.

[4]  De modo informal scoop se refere a uma notícia (ou informação) dada em primeira mão por uma agência e notícia; em português, chamamos isso de furo. (nossa observação)
[5] A Mídia NINJA foi fundada em 2013 e ganhou notoriedade durante as manifestações de junho que reuniram milhões nas ruas do Brasil. À ocasião realizou coberturas ao vivo de dentro dos protestos, com múltiplos pontos de vista invisíveis na mídia tradicional. Em 2016 foi uma das principais iniciativas de resistência na luta pelo fortalecimento da democracia em meio a instabilidade política. Hoje a rede engaja mais de 2 milhões de apoiadores e cerca de 500 pessoas diretamente envolvidas com o suporte de casas coletivas pelo Brasil. Em 2013, ganhou o Shorty Awards for our Social Media Profile.
www.midianinja.org
[6] - Pós-verdade. Palavra de origem inglesa (“post-truth”). Em 2015, a palavra escolhida foi um emoji - mais especificamente, aquela carinha amarela que chora de tanto rir. Além de eleger o termo, a instituição definiu o que é a “pós-verdade”: um substantivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. A palavra é usada por quem avalia que a verdade está perdendo importância no debate político. Por exemplo: o boato amplamente divulgado de que o Papa Francisco apoiava a candidatura de Donald Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que negaram esta história. Segundo a Oxford Dictionaries, o termo “pós-verdade” com a definição atual foi usado pela primeira vez em 1992 pelo dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich. Ele tem sido empregado com alguma constância há cerca de uma década, mas houve um pico de uso da palavra, que cresceu 2.000% em 2016. “‘Pós-verdade’ deixou de ser um termo periférico para se tornar central no comentário político, agora frequentemente usado por grandes publicações sem a necessidade de esclarecimento ou definição em suas manchetes”, escreve a entidade no texto no qual apresenta a palavra escolhida.

[8]  Crazy People – filme comédia sobre propaganda. Ver no final na Lista de atividades.
[9] Clickbait é um recurso que, em português, se traduz como “isca de cliques” ou caça-clique. É um termo pejorativo que se refere a conteúdo da internet que é destinado à geração de receita de publicidade on-line, normalmente às custas da qualidade e da precisão da informação, por meio de manchetes.
[10] fact-checking - verificação de fatos ou verificação de dados ou ainda checagem de fatos em jornalismo; refere-se ao trabalho de confirmar e comprovar fatos e dados usados em discursos nos meios de comunicação e outras publicações
http://www.politize.com.br/checagem-de-fatos/
[11] O Sensacionalista é um noticiário satírico eletrônico brasileiro. Dispõe de um canal no Youtube, conta 2,4 milhões de seguidores no Facebook e tem 11 milhões de visitantes únicos por mês e 25 milhões de visualizações.
O sucesso de seu humor gerou uma versão audiovisual, um telejornal de notícias fictícias no canal Multishow, chamado Jornal Sensacionalista.

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