Introdução
“A
verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32). “Notícias falsas e jornalismo de paz!”
é o tema do 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado em 2018.
O tema escolhido pelo papa faz referência às
“notícias falsas” ou “fake news”, ou seja, as informações infundadas que
contribuem para gerar e alimentar uma forte polarização das opiniões.
A internet e as redes sociais democratizaram
o acesso à informação, mas também abriram espaço para as notícias falsas, também
chamadas fake news e criaram as “bolhas” – aqueles universos digitais onde só
se debate o que for do agrado de quem participa deles.
Trata-se de uma distorção muitas vezes
instrumental dos fatos, com possíveis repercussões sobre comportamentos
individuais ou coletivos.
No contexto em que as empresas de referência
das redes sociais e o mundo das instituições e da política começaram a combater
este fenômeno, também a Igreja quer oferecer uma contribuição, propondo uma
reflexão sobre as causas, as lógicas e as consequências da desinformação na
mídia.
Pretende ainda auxiliar na promoção de um
jornalismo profissional, que busca sempre a verdade, e por isto um jornalismo
de paz, que promova a compreensão entre as pessoas.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais –
único dia mundial estabelecido pelo Concílio Vaticano II, no decreto "Inter
Mirifica", em 1963, - é celebrado
em muitos países, por recomendação dos bispos, no Domingo da Ascensão,
sucessivo à Solenidade de Pentecostes. Em 2018, no dia 13 de maio.
Segue o texto da Mensagem do papa Francisco
para o Dia Mundial das Comunicações Sociais publicado, a cada ano, no dia em que a Igreja recorda
a memória de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, 24 de janeiro.
Verdades
Padre
Zezinho
Das
verdades que Jesus nos ensinou
Uma
delas não consigo esquecer
Que
se um homem não tem nada pra comer
E um outro
tem demais em sua mesa,
Um
dos dois vai pro inferno ao morrer.
Uma
outra que em meu coração ficou
muitas
vezes eu me
Recordo
ao meditar,
quem
quiser seguir os passos de Jesus
não
se apegue a mais ninguém senão ao reino
e por ele agarre firme a sua cruz.
Verdades
que acredito, verdades de Jesus
verdades
que eu medito e
que
me trazem tanta luz.
verdades
que você
Procura
sem saber,
verdades
que nós dois custamos tanto
a entender. (bis)
Das
verdades que ao partir Jesus deixou
eu
recordo a
do contexto social
que
se alguém quiser subir de
lave
os pés dos seus irmãos com quem convive
e
lidere sem pisar no seu irmão.
( CD
Verdades, Pe. Zezinho, scj)
https://www.youtube.com/watch?v=qDBNXg5hPZc
Mensagem Papa
Francisco
52º
Dia Mundial das Comunicações Sociais
13 de maio de 2018
Lema: “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32)
Queridos
irmãos e irmãs!
No
projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a
comunhão. Imagem e semelhança do Criador, o ser humano é capaz de expressar e
compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo. É capaz de narrar a sua própria
experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos
acontecimentos.
Mas,
se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a
própria faculdade de comunicar, como o atestam, já nos primórdios, os episódios
bíblicos dos irmãos Caim e Abel e da Torre de Babel (cf. Gn 4, 1-16; 11, 1-9).
Sintoma
típico de tal distorção é a alteração da verdade, tanto no plano individual
como no coletivo.
Se,
pelo contrário, se mantiver fiel ao projeto de Deus, a comunicação torna-se
lugar para exprimir a própria responsabilidade na busca da verdade e na
construção do bem.
Hoje,
no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital,
assistimos ao fenômeno das «notícias falsas», as chamadas fake news: isto nos convida a refletir, sugerindo-me dedicar esta
Mensagem ao tema da verdade, como aliás já mais vezes o fizeram os meus predecessores
a começar por Paulo VI (cf. Mensagem de 1972: «Os instrumentos de comunicação
social ao serviço da Verdade»).
Gostaria,
assim, de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias
falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a
responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade.
1. Que há de falso nas «notícias
falsas»?
A
expressão fake news
é objeto de discussão e debate. Geralmente diz respeito à desinformação
transmitida on-line
ou nas mídias
tradicionais. Assim, a referida expressão alude a informações infundadas,
baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até
manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados,
influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos.
A
eficácia das fake news
fica-se a dever, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, ou seja, à
capacidade de se apresentar como plausíveis.
Falsas
mas verossímeis, tais notícias são capciosas, no sentido que se mostram hábeis
a capturar a atenção dos destinatários, apoiando-se sobre estereótipos e
preconceitos generalizados no seio dum certo tecido social, explorando emoções
imediatas e fáceis de suscitar como a ansiedade, o desprezo, a ira e a
frustração.
A
sua difusão pode contar com um uso manipulador das redes sociais e das lógicas
que subjazem ao seu funcionamento: assim os conteúdos, embora desprovidos de
fundamento, ganham tal visibilidade que os próprios desmentidos categorizados
dificilmente conseguem circunscrever os seus danos.
A
dificuldade em desvendar e erradicar as fake
news é devida também ao fato de as pessoas interagirem muitas vezes
dentro de ambientes digitais homogêneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões
divergentes.
Esta
lógica da desinformação tem êxito, porque, em vez de haver um confronto sadio
com outras fontes de informação (que poderia colocar positivamente em discussão
os preconceitos e abrir para um diálogo construtivo), corre-se o risco de se
tornar atores involuntários na difusão de opiniões tendenciosas e infundadas.
O
drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como
inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos.
Deste
modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente
intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a
arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.
2. Como podemos reconhecê-las?
Nenhum
de nós pode se eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades.
Não
é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos
variegados, deliberadamente evasivos e subtilmente enganadores, valendo-se por
vezes de mecanismos refinados.
Por
isso, são louváveis as iniciativas educativas que permitem apreender como ler e
avaliar o contexto comunicativo, ensinando a não ser divulgadores inconscientes
de desinformação, mas atores do seu desvendamento.
Igualmente
louváveis são as iniciativas institucionais e jurídicas empenhadas na definição
de normativas que visam circunscrever o fenômeno, e ainda iniciativas, como as
empreendidas pelas tech[2] e media company[3],
idôneas para definir novos critérios capazes de verificar as identidades
pessoais que se escondem por detrás de milhões de perfis digitais.
Mas
a prevenção e identificação dos mecanismos da desinformação requerem também um
discernimento profundo e cuidadoso.
Com
efeito, é preciso desmascarar uma lógica, que se poderia definir como a «lógica
da serpente», capaz de se camuflar e morder em qualquer lugar. Trata-se da
estratégia utilizada pela serpente – «o mais astuto de todos os animais», como
diz o livro do Gênesis (cf. 3, 1-15) – a qual se tornou, nos primórdios da
humanidade, artífice da primeira fake
news, que levou às trágicas consequências do pecado, concretizadas depois
no primeiro fratricídio (cf. Gn 4) e em inúmeras outras formas de mal contra
Deus, o próximo, a sociedade e a criação.
A
estratégia deste habilidoso «pai da mentira» (Jo 8, 44) é precisamente a
mimese, uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem
com argumentações falsas e aliciantes.
De
fato, na narração do pecado original, o tentador aproxima-se da mulher,
fingindo ser seu amigo e interessar-se pelo seu bem. Começa o diálogo com uma
afirmação verdadeira, mas só em parte: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o
fruto de alguma árvore do jardim?» (Gn 3, 1).
Na
realidade, o que Deus dissera a Adão não foi que não comesse de nenhuma árvore,
mas apenas de uma árvore: «Não comas o [fruto] da árvore do conhecimento do bem
e do mal» (Gn 2, 17). Retorquindo, a mulher explica isso mesmo à serpente, mas
deixa-se atrair pela sua provocação: «Podemos comer o fruto das árvores do
jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse:
“Nunca o deveis comer nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis”»
(Gn 3, 2-3).
Esta
resposta tem sabor a legalismo e pessimismo: dando crédito ao falsário e
deixando-se atrair pela sua apresentação dos fatos, a mulher extravia-se. Em
primeiro lugar, dá ouvidos à sua réplica tranquilizadora: «Não, não morrereis»
(3, 4). Depois a argumentação do tentador assume uma aparência credível: «Deus
sabe que, no dia em que comerdes [desse fruto], abrir-se-ão os vossos olhos e
sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal» (3, 5). Enfim, ela chega a
desconfiar da recomendação paterna de Deus, que tinha em vista o seu bem, para
seguir o aliciamento sedutor do inimigo: «Vendo a mulher que o fruto devia ser
bom para comer, pois era de atraente aspecto (…) agarrou do fruto, comeu» (3,
6). Este episódio bíblico revela assim um fato essencial para o nosso tema:
nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é
falso produz consequências nefastas. Mesmo uma distorção da verdade
aparentemente leve pode ter efeitos perigosos.
De
fato, está em jogo a nossa avidez. As
fake news tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com
grande rapidez e de forma dificilmente controlável, não tanto pela lógica de
partilha que carateriza os meios de comunicação social como sobretudo pelo
fascínio que detêm sobre a avidez insaciável que facilmente se acende no ser
humano.
As
próprias motivações econômicas e oportunistas da desinformação têm a sua raiz
na sede de poder, ter e gozar, que, em última instância, nos torna vítimas de
um embuste muito mais trágico do que cada uma das suas manifestações: o embuste
do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do
coração. Por isso mesmo, educar para a verdade significa ensinar a discernir, a
avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para
não nos encontrarmos despojados do bem «mordendo a isca» em cada tentação.
3.
«A verdade vos tornará livres»
(Jo 8, 32)
De
fato, a contaminação contínua por uma linguagem enganadora acaba por ofuscar o
íntimo da pessoa. Dostoevskij deixou escrito algo de notável neste sentido:
«Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não
poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa
a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem
estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se
sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e,
por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do
mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).
E
então como defender-nos? O antídoto mais radical ao vírus da falsidade é
deixar-se purificar pela verdade.
Na
visão cristã, a verdade não é uma realidade apenas conceitual, que diz respeito
ao juízo sobre as coisas, definindo-as verdadeiras ou falsas. A verdade não é
apenas trazer à luz coisas obscuras, «desvendar a realidade», como faz pensar o
termo que a designa em grego: aletheia,
de a-lethès,
«não escondido».
A verdade tem a ver com a vida inteira. Na
Bíblia, reúne os significados de apoio, solidez, confiança, como sugere a raiz
“aman”. Desta provém o próprio Amém
litúrgico.
A
verdade é aquilo sobre o qual podemos nos apoiar para não cair. Neste sentido
relacional, o único verdadeiramente fiável e digno de confiança sobre o qual se
pode contar, ou seja, o único «verdadeiro» é o Deus vivo.
Eis
a afirmação de Jesus: «Eu sou a verdade» (Jo 14, 6). Sendo assim, o homem
descobre sempre mais a verdade, quando a experimenta em si mesmo como
fidelidade e fiabilidade de quem o ama. Só isto liberta a pessoa: «A verdade
vos tornará livres» (Jo 8, 32).
Libertação
da falsidade e busca do relacionamento
Estes
são dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os
nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis. Para discernir a
verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e
aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor.
Por
isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de
extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na
escuta recíproca. Além disso, não se termina jamais de procurar a verdade,
porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas
verdadeiras.
De
fato, uma argumentação impecável pode basear-se em fatos inegáveis, mas, se for
usada para ferir o outro e desacreditá-lo à vista alheia, por mais justa que pareça,
não é habitada pela verdade.
A
partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se
suscitam polêmica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso,
levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma
profícua atividade.
4. A paz é a verdadeira notícia
O
melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas:
pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum
diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se
mostram responsáveis no uso da linguagem. Se a via de saída da difusão da
desinformação é a responsabilidade, particularmente envolvido está quem, por
profissão, é obrigado a ser responsável ao informar, ou seja, o jornalista,
guardião das notícias. No mundo atual, ele não desempenha apenas uma profissão,
mas uma verdadeira e própria missão.
No
meio do frenesi das notícias e na voragem dos
scoop[4], tem o dever de lembrar que, no
centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a
audiência, mas as pessoas.
Informar
é formar, é lidar com a vida das pessoas. Por isso, a precisão das fontes e a
custódia da comunicação são verdadeiros e próprios processos de desenvolvimento
do bem, que geram confiança e abrem vias de comunhão e de paz.
Por
isso desejo convidar para que se promova um jornalismo de paz, sem entender,
com esta expressão, um jornalismo «bonzinho», que negue a existência de
problemas graves e assuma tons melífluos.
Pelo
contrário, penso num jornalismo sem enganos, hostil às falsidades, a slogans
sensacionais e a declarações bombásticas; um jornalismo feito por pessoas para
as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas
– e no mundo, são a maioria – que não têm voz; um jornalismo que não se limite
a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos,
para favorecer a compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento
de processos virtuosos; um jornalismo empenhado em indicar soluções
alternativas ao aumento do clamor e da violência verbal.
Por
isso, inspirando-nos numa conhecida oração franciscana, poderemos dirigir-nos,
à Verdade em pessoa, nestes termos:
Senhor, fazei de nós instrumentos
da vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se
insinua em uma comunicação
que não cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o
veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros
como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de
confiança;
fazei que as nossas palavras
sejam sementes de bem
para o mundo:
onde houver rumor, fazei que
pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que
inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei
que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que
levemos partilha;
onde houver sensacionalismo,
fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade,
fazei que ponhamos
interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei
que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei
que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que
levemos verdade.
Amém.
Vaticano,
24 de janeiro de 2018, Memória de São Francisco de Sales
Franciscus
Para refletir
O que dizer sobre fake news?
Para
o professor Diogo Rais, fake news são
notícias falsas, mas que aparentam ser verdadeiras.
Não
é uma piada, uma obra de ficção ou uma peça lúdica, mas sim uma mentira
revestida de artifícios que lhe conferem aparência de verdade.
Quantas
pessoas são enganadas pela falta de apuração e veracidade da notícia.
O
indivíduo perde, muitas vezes, sua referência de imprensa imparcial e não busca
o diferente em um jornalismo mais esclarecedor.
A
criação da Mídia Ninja[5],
por exemplo, foi resultado da
insatisfação popular em relação aos veículos tradicionais de informação. Congrega
jornalistas voluntários que cobrem pautas independentes. Assim se definem:
“Surgimos em meio a multidão. Nossas câmeras contam histórias de um
processo de efervescência global. Da luta contra o golpe às pautas feministas,
das eleições às ocupações por moradia, da luta indígena às agendas do movimento
negro, do campo ao meio ambiente.“
Esta
mídia rompeu em parte com a hegemonia da informação, mas não garantiu o total
compromisso com a verdade de forma imparcial.
Ao lado das fake news ou reforçando estas, está a
pós-verdade.
A Pós-verdade[6]
contradiz a verdade?
De acordo com o
dicionário, a palavra pós-verdade é
composta do prefixo “pós” que não se refere apenas ao tempo seguinte, a alguma
situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas a uma época em que o
conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante. Neste caso,
o conceito de verdade. Portanto, pós-verdade se refere ao momento em que a
verdade já não é mais importante como já foi e é relativizada.
Mas o que é pós-verdade, e
onde a encontramos, hoje?
Encontramos pós-verdade na
política, nas escolas, na família, na internet, em páginas de Facebook, vídeos
no Youtube e o público a absorve como verdadeira exatamente porque “gostariam” que fosse
verdadeira.
É um desvirtuamento ou
distorção da verdade e de seus valores.
Pode se dar uma notícia falsa
ou fazer uma chamada que não traduz o verdadeiro conteúdo da informação. Este pode ser modificado por meio de edição
que recorta o início da notícia e a cola ao parágrafo final, por exemplo. O
sentido fica bastante alterado.
Existem ainda distorções e
invenções falsas. É muito frequente este tipo de fake news na política.
Outros tipos de notícias falsas
Podemos
identificar vários tipos de notícias falsas.
A
jornalista Claire Wandle criou uma lista
de sete tipos de notícias falsas que podem ser identificadas nas redes:
Sátira
ou paródia: sem intenção de causar mal, mas tem potencial de enganar.
Falsa conexão: são manchetes,
imagens ou legendas que dão falsas dicas do que é o verdadeiro conteúdo.
Conteúdo enganoso: é uma informação
contrária a um assunto ou a uma pessoa.
Falso
contexto: trata-se de conteúdo correto compartilhado com um contexto falso.
Conteúdo
impostor: são fontes - pessoas, organizações, entidades - que têm seus
nomes usados com afirmações que não são suas.
Conteúdo manipulado: informação ou ideia verdadeira manipulada para enganar
o público
Conteúdo
fabricado: conteúdo construído com intuito de desinformar o público e
causar algum mal.
Berço das notícias falsas. Quais as
fontes?
As
“fake news”, aparecem principalmente na internet, nas redes sociais,
em portais falsos de notícias. São ampliadas
e divulgadas até por jornalistas que passam informações truncadas às pessoas.
Onde
surgem? Notícias falsas são criadas e ganham divulgação por grupos diversos: de
política, publicidade, religião, seitas, grupos e comunidades. São divulgadas em
páginas do facebook, em sites, nas redes sociais, onde compartilham suas
crenças e (des)informam as pessoas, às vezes até o fanatismo.
Existem também outras maneiras mais
sofisticadas, em que há uso de robôs e mecanismos da internet próprios para
disseminar conteúdos falsos.
Essas notícias são também fabricadas. Um exemplo: o
site intitulado “Sensacionalista” . Traz o slogan: “um jornal isento da
verdade” [7].
Assim,
antes de tudo, antes de compartilhar e ampliar a notícia, é preciso considerar a fonte
da informação.
Procurar
entender a missão, o objetivo e o propósito da informação, comparando a outras
publicações.
Ler além do título: títulos chamam atenção, mas nem sempre
correspondem ao conteúdo.
Checar
os autores: verificar se eles
realmente existem e se são confiáveis.
Buscar
fontes de apoio: outras fontes podem
confirmar ou negar as notícias.
Verificar
a data da publicação: ver se a
história ainda é relevante e se está atualizada.
Questionar
se é uma piada. O texto pode ser uma
sátira.
Revise
os preconceitos: os ideais ou até,
ideologias podem estar afetando o julgamento.
Consultar especialistas: procurar uma confirmação
de pessoas independentes com conhecimento.
Usar
o senso crítico. Descobertos a fonte
e os motivos pelos quais as falsas notícias são feitas, agir com responsabilidade
e não
repassar boatos .
Hoje também se fala e
pensa em pós-verdade - os fatos importam menos do que aquilo em que as pessoas
escolhem acreditar - ou seja, são tempos em que a verdade foi substituída pela
opinião.
Causas das distorções nas notícias
Por que uma notícia nasce
distorcida? Há diversos fatores para a criação de notícias falsas.
Um deles é a descrença na
imprensa e a utilização das fake news como um negócio, para atingir objetivos
de interesse próprio.
Em estudos sobre os
motivos pelos quais são feitas as fake news, chegou-se ao seguinte resultado:
- os motivos podem ser um
jornalismo mal-feito;
- são paródias,
provocações ou intenção de “pregar peças”;
- pode ser paixão; impressiona
o ódio que algumas fake news desperta em pessoas e massas. Antigamente se
dizia, “massas de manobra”.
- pode ser o objetivo de motivar
partidarismo;
- obter lucro; notícias
falsas se tornaram um negócio rendoso;
- influência política e
propaganda. É muito bem ilustrada a questão da propaganda no filme Crazy People[8].
. Há também as manchetes
chamadas de “iscas de clique” (clickbait[9]).
Foi o caso de um brasileiro que chegou a fazer 100 mil reais mensais de lucro
com sites de notícias falsas, segundo um mapeamento da Folha de São Paulo.
Verificando uma notícia falsa
Fact-cheking
Existe e se faz fact-cheking[10]
é, a checagem de fatos. Essa atividade sempre foi uma premissa do trabalho dos
jornalistas. Qualquer afirmação de um político profissional, de um CEO de uma
empresa ou até mesmo de um cidadão comum deveria ser checada como verdadeira ou
não. Toda e qualquer notícia, reportagem ou matéria jornalística deveria ter
seus fatos completamente verificados, as fontes deveriam ser confiáveis e assim
por diante.
O problema é que isso não
estava sendo feito em todas as notícias e os jornais replicavam falas,
afirmações, dados e números que não eram verdade – ou continham algum grau de
inverdade ou exagero. O nicho jornalístico de fact-checking foi criado por uma
série de motivos:
·
antes da existência das redes sociais, o
público recebia notícias por meio dos jornais, que tinham jornalistas
profissionais checando – mesmo que seletivamente – as informações. Com as redes
sociais, um político profissional, uma jogadora de vôlei e um sociólogo estão a
um clique de distância do público – um tweet, um post no Facebook, uma foto no Instagram.
Mas quem verifica as informações que eles repassam?
·
o enxugamento das redações sobrecarrega os
repórteres, que nem sempre conseguem checar todas as informações de uma matéria
– afinal, os jornais ainda são uma ferramenta poderosa e de credibilidade para
as pessoas;
·
a competitividade entre os veículos de
informação, que correm atrás do “furo jornalístico” – quem dá primeiro a
notícia – e nem sempre checam completamente a veracidade dos fatos que
publicam;
·
o fenômeno conhecido como pós-verdade.
O fact-checking hoje é uma
especialidade do jornalismo e inspirou a criação de diversas agências,
espalhadas por todo o mundo – são pelo menos 114 times de checagem de fatos em
47 países. Surgiu da urgência que muitos jornalistas viam em fazer um trabalho
de apuração mais minucioso e não simplesmente replicar falas, informações e
dados como fatos.
A história do
fact-checking começou em 1991, quando o jornalista Brooks Jackson recebeu, em
sua redação na CNN, em Washington (EUA), a tarefa de checar a veracidade dos
anúncios de TV dos candidatos à presidência do país na época, Bill Clinton e
George Bush. Ele fundou, então, a primeira agência de checagem de propaganda
eleitoral: a “Ad Police”. Seu trabalho teve tanto sucesso que fundou, em 2003,
o primeiro site independente de checagem de fatos, o FactCheck.org. Daí em
diante, várias outras agências foram sendo criadas.
No Brasil, existem algumas
plataformas dedicadas ao fact-checking, entre elas: a Lupa, o Aos Fatos e o
Truco – uma parceria entre a Agência Pública e o blog Congresso em Foco. A
primeira experiência brasileira com a checagem de fatos foi em 2010, durante as
campanhas eleitorais, num projeto do jornal Folha de S. Paulo chamado
Mentirômetro e Processômetro, que verificava o grau de veracidade de
declarações dos políticos.
A verdade liberta
A
pesquisadora Claire Wardle, em um artigo no First Draft News, acredita que para
combater de fato as fake news precisamos entender três pilares:
Os
diferentes tipos de conteúdos que estão sendo criados e compartilhados.
As
motivações de quem cria esse conteúdo;
As
maneiras com que esse conteúdo é comunicado.
Um
exemplo. A sátira é utilizada sem o
intuito de mal informar. No Brasil, há o portal Sensacionalista, muito conhecido e famoso. Ele tem o slogan: “um
jornal isento de verdade”. A frase é, por si só, ambígua: pode significar que o
jornal é realmente isento, objetivo e imparcial ou que ele é isento em publicar
verdade, ou seja, publica mentiras. Esse segundo entendimento é o correto.
O
Sensacionalista[11]
produz notícias falsas como se fossem verdadeiras, mas com o objetivo de
construir críticas sobre acontecimentos mundiais por meio da ironia e da
sátira, não de desinformar as pessoas. Mas apesar de todos esses fatores, pode
haver confusão e o público considerar o seu conteúdo verídico.
Modelo de comunicação libertadora
O que o papa Francisco
falou à comunicação na Igreja
No dia 16 de dezembro de
2017, o papa Francisco recebeu na Sala Clementina 350 membros da União da
Imprensa Periódica Católica (USPI) e da Federação Italiana dos Semanários
Católicos (FISC). Falou de comunicação e de como evitar cair nos pecados da
comunicação. Esta experiência italiana
pode servir de parâmetro para a comunicação eclesial em todas as nações.
A Imprensa periódica e
Semanários Católicos italianos, representam cerca de 3 mil órgãos e possuem a
riqueza de serem voz das diversas comunidades locais.
O papa lhes disse que têm
uma das mais importantes missões do mundo, a de informar corretamente, a de dar
a todos uma versão dos fatos a mais próxima possível da realidade:
“Sois chamados a tornar acessível a um
vasto público problemáticas complexas, de modo a fazer uma mediação entre o
conhecimento à disposição dos especialistas e a possibilidade concreta de sua
ampla divulgação. A vossa voz livre e responsável é fundamental para o
crescimento de qualquer sociedade que se considere democrática, a fim de que
seja contínua a troca de ideias e um profícuo debate baseado em dados reais e
corretamente reproduzidos”.
O papa chamou a atenção
ainda para o nosso tempo dominado pela ânsia da velocidade, pelo
sensacionalismo, em detrimento da precisão, da emotividade, em vez da reflexão
ponderada, sente-se a premente necessidade de uma informação confiável, com
dados e notícias verificáveis, e que faça crescer no usuário o sentido crítico
e não faça dele uma presa fácil para manipulações.
Uma exigência à qual –
afirmou Francisco – a média e pequena editoria pode responder facilmente, pois
que possui na sua índole vínculos saudáveis que a ajudam a gerar uma informação
menos sujeita à pressão. Com efeito, é geneticamente mais ligada à seu espaço territorial,
mais próxima da vida quotidiana das comunidades e aos fatos na sua realidade,
realidade que não encontra espaço facilmente nos outros canais de comunicação.
Bússola
ou orientação
Quanto aos semanários
diocesanos, membros da Federação Italiana Semanários Católicos (FISC) que está comemorando
50 anos de fundação, o papa disse que podem ser “úteis instrumentos de
evangelização”, de diálogo e comunicação entre os várias componentes eclesiais.
Trabalhar nestes meios significa sentir a proximidade das pessoas, ler os
acontecimentos à luz do Evangelho e do magistério da Igreja. Estes elementos
são, no dizer do papa, a “bússola” do modo peculiar de fazer jornalismo, de dar
notícias, de expor opiniões.
Renovação
de linguagem
Os semanários diocesanos,
integrados nas novas formas digitais de comunicação, são importantes e “necessitam de um renovado empenho da parte
dos Pastores e de toda a comunidade cristã”
- frisou o papa, recomendando uma linguagem simples, palavras ponderadas
e claras, que afastam o discurso agressivo e ambíguo.
Pecados
da comunicação
É importante dar à opinião
pública instrumentos para poder compreender e discernir sobre a informação que
recebe e não fique confusa e desorientada. O direito à informação correta,
assim como a dignidade das pessoas foram igualmente sublinhados pelo papa que
disse:
“Não se deve cair nos “pecados da
comunicação”: a desinformação, isto é, dizer só uma parte, a calúnia, que é
sensacionalista, ou a difamação, procurando coisas ultrapassadas, velhas, e
trazendo-as, hoje, à luz. São pecados gravíssimos, que prejudicam o coração do
jornalista e prejudicam as pessoas.”
**********************************************
Entrevista
Antídoto para o veneno das fake news
Entrevistado: Mons. Dario
Edoardo Vigano, prefeito da Secretaria para a Comunicação no Vaticano.
As fake news são um dos elementos que envenenam
as relações. São notícias com sabor de verdade, mas de fato infundadas,
parciais, ou até mesmo falsas., alerta o prefeito da Secretaria para a
Comunicação
Foi divulgada hoje,
como é tradição, a mensagem do Papa Francisco para o 52º Dia Mundial das
Comunicações Sociais, intitulada «“A verdade vos tornará livres”. (Jo 8,32) Fake news e jornalismo de paz». Pedimos a
Mons. Dario Edoardo Viganò, prefeito da Secretaria para a Comunicação, uma
primeira reflexão sobre o texto.
Mons. Viganò, a deste ano é a
segunda mensagem do papa desde quando é “atuante” a Secretaria para a
Comunicação. O que os dois textos têm em comum é o horizonte bíblico, já
lembrado pelo título: “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5), em
2017; “A verdade vos tornará livres”. (Jo 8,32), em 2018.
Não
é uma escolha casual. De fato, toda a mensagem, mesmo em suas notas de
atualidade, é baseada em uma forte raiz bíblica, bem como a do ano passado. O
Santo Padre, desde o início do texto, lembra os episódios de Caim e Abel e da
Torre de Babel (Gn 4: 1-16; 11: 1-9), precisamente para explicar que quando “o
homem segue o seu próprio orgulhoso egoísmo, também pode fazer um uso
distorcido da faculdade de comunicar”. Como podemos esquecer a Carta aos
Hebreus? “Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais,
pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a
quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o
universo” (Hb 1: 1-2). Toda a história da salvação, isto é, da aliança renovada
continuamente por Deus fiel ao povo muitas vezes infiel, é um diálogo
interligado com chamadas, chamadas e bençãos. Até a manifestação de Jesus que,
como o texto diz, é a Verdade. Esta é a pedra angular da mensagem, sobre a qual
se baseiam depois as reflexões e o convite final do Papa para “promover um
jornalismo de paz”. “Eu sou a verdade” (Jo 14, 6) não é uma afirmação
conceitual ou um conhecimento abstrato. Em Cristo, as duas naturezas, a humana
e a divina, não se confundem, mas se co-pertencem em uma unidade pessoal. A
revelação de Deus em Cristo conserva a alteridade, tornando assim a verdade
marcada pelo relacionamento. Somente isso liberta o homem: “A verdade vos
tornará livres” (Jo 8, 32).
Portanto, uma forte referência à
qualidade das relações que vem do cenário bíblico.
Na
perspectiva relacional, fica claro o quanto a comunicação possa construir e
quanto possa matar. Caim e Abel, bem como a Torre de Babel, são a prova clara
disso. Não só ... Há um belo texto de Dostoevski, que o papa cita na mensagem:
«Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não
poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa
a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem
estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se
sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e,
por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir
contínuo aos outros e a si mesmo» (Os irmãos Karamazov, II, 2).
Interroguemo-nos, portanto sobre a qualidade do nosso relacionamento com os
outros e conosco mesmo. “A comunicação humana - recorda o Papa - é uma
modalidade essencial de viver a comunhão”. Mas se nossos relacionamentos são
envenenados, de que comunhão poderíamos viver?
Para complicar as coisas, então, há
falsas notícias, as chamadas fake news. Não são também elas essa causa desse
envenenamento?
As
fake news
são um dos elementos que envenenam as relações. São notícias com sabor de
verdade, mas de fato infundadas, parciais, ou até mesmo falsas. Nas fake news o problema não
é a não veracidade, que é muito evidente, mas a verossimilhança. Na mensagem, o
Santo Padre fala muito disso, lembrando a estratégia usada pela “serpente
astuta”, da qual o Livro do Gênesis fala, “a qual, nos primórdios da
humanidade, tornou-se a autora da “primeira fake
news” (cfr Gn 3,1-15), o que levou às trágicas consequências do
pecado, concretizando-se depois no primeiro fratricídio (cfr Gn 4) e em outras
formas inumeráveis forma de mal contra Deus, o próximo, a sociedade e a
criação”. É difícil reconhecer as fake
news porque tem uma fisionomia mimética: é a dinâmica do mal que
sempre se apresenta como um bem facilmente alcançável. A eficácia dramática
deste gênero de conteúdos está precisamente no mascarar a própria falsidade, na
capacidade de se apresentar como plausíveis para alguns agindo sobre
competências, expectativas, preconceitos enraizados dentro de grupos sociais
mais ou menos amplos. Por esta razão, as fake
news são particularmente insidiosas, dotadas de uma capacidade de
capturar a atenção dos destinatários de modo notável. Aspectos acentuados pelo
papel das redes sociais na iniciação e propagação, que, unidos a um uso
manipulador, acabam levando a formas de intolerância e ódio.
Qual o antídoto para o veneno das
fake news?
As
falsas notícias, de fato, surgem do preconceito e da incapacidade de ouvir. “O
melhor antídoto contra as falsidades – escreve o Santo Padre na mensagem - é
deixar-se purificar pela verdade”. Só assim podemos contrastar, desde o seu
surgimento, preconceitos e surdez, que não fazem nada senão interromper toda
forma de comunicação, fechando tudo em um círculo vicioso. A capacidade de
ouvir e, portanto, de diálogo exige uma maturidade humana que favoreça
adaptações às diversas e inesperadas circunstâncias. A comunicação não é apenas
transmissão de notícias: é disponibilidade, enriquecimento mútuo,
relacionamento. Somente com um coração livre e capaz de escuta atenta e
respeitosa, a comunicação pode construir pontes, oportunidades de paz sem
fingimentos. Tudo isso nos exorta a não desistir na busca e na propagação da
verdade, especialmente na educação dos jovens. Como recordava Paulo VI (cfr.
Mensagem 1972: “As Comunicações sociais a serviço da verdade”): “O homem, e
mais ainda o cristão, nunca abdicará jamais de sua capacidade de contribuir
para a conquista da verdade: não só aquela abstracta ou filosófica, mas também
aquela concreta e cotidiana de cada acontecimento: se o fizesse, prejudicaria
sua própria dignidade pessoal”.
De que maneira os jornalistas e as instituições
podem colocar em prática essa mensagem?
Em
primeiro lugar, penso que seja colocar novamente no centro do debate a
responsabilidade pela comunicação. Esse valor, junto com a liberdade de
expressão, é capaz de tornar a comunicação mesma lugar de escuta, de diálogo e
até mesmo de dissidência, ainda que nas formas da dialética normal da
interação. Portanto, partindo dos requisitos básicos exigidos pela deontologia
profissional, é necessário reconstruir o contexto para que os fatos relatados
possuam uma luz autêntica sem sombras de meias verdades ou de verossimilhanças.
Neste processo, creio que tanto os cidadãos como as instituições devem
encontrar novas formas de alianças que vão da escola à política até às
federações profissionais. Caso contrário, a profissão jornalística perderá além
da credibilidade também a sua identidade.
Fonte:
vatican.news
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Sugestões para reflexão pessoal ou em
grupo
1.
Filme:
Crazy People
Duração 1h 30min -
Direção: Tony Bill - Elenco: Dudley Moore, Daryl Hannah, Paul Reiser - Gênero
Comédia - Nacionalidade EUA
Um publicitário,
Emory Leeson (Dudley Moore), atravessa um momento delicado quando sua esposa o
abandona. Ele repentinamente tem uma crise de honestidade e cria uma campanha
publicitária que é calcada em dizer só a verdade sobre cada produto. Charles F. Drucker (J.T. Walsh), seu chefe,
recusa tal idéia, pois a considera absurda e o obriga a se
internar para ter tratamento psiquiátrico. Mas o material da campanha
equivocadamente é impresso e se torna um enorme sucesso. Emory é chamado de
volta mas ele não quer deixar a instituição, pois se apaixonou por Kathy
Burgess (Daryl Hannah), uma das pacientes. Ainda internado Emory elabora novas
campanhas, sendo ajudado pelos outros internos. Drucker, que no passado recusou
a verdade como base de uma campanha, se comporta como o gênio da criação, que
fez a mais ousada campanha de marketing.
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Seguem
sugestões de diversos vídeos, filmes, textos e documentários para ajudar na
reflexão do tema.
2. Programa: Assembleia
Debate: Fake News ( Duração: 55:02)
https://www.youtube.com/watch?time_continue=141&v=Yg9AK9moEs4
O
programa Assembleia Debate recebe, o professor da faculdade Cásper Líbero, Luís
Mauro Sá Martino, Rafael Fonseca Santos coordenador do curso de jornalismo do
Mackenzie, Fernanda Dabori presidente de ADVICE, Ana Beatriz Anjos repórter da
Agência Pública.
Para
debater os impactos das Fake News.
Apresentação: Mauro Frysman
3. Documentário: 'Fake News: Baseado em fatos reais’ fala das notícias falsas - GloboNews
3. Documentário: 'Fake News: Baseado em fatos reais’ fala das notícias falsas - GloboNews
Duração: 05:17
http://g1.globo.com/globo-news/globo-news-documentario/videos/v/globonews-documentario-fake-news-baseado-em-fatos-reais-fala-das-noticias-falsas/6186649/
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4. Comentário:
Mario Sergio Cortella ● FAKE NEWS (
Duração: 02:04)
https://www.youtube.com/watch?v=vrq6RVnv6hw
Notícias
falsas são uma indução ao engano
Por
serem veiculadas na internet ou pela mídia, as fake news acabam ganhando
contornos de veracidade. O escritor Charles Caleb Colton afirmava que 'a má
informação é mais desesperadora do que a não informação'.
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5. Comentário: O que é fake news?
Duração: 5:30
https://www.youtube.com/watch?v=FOZ0irgLwxU
Publicado
em 29 de jun de 2017
O
que é uma "Fake News" - notícia falsa? Donald Trump está correto
quando diz que a CNN, o New York Times e outros grandes meios de comunicação
informam notícias falsas? O comentarista e autor de best-seller Andrew Klavan
explica.
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6. Comentário: Podemos
Confiar na Imprensa?
– Judith Miller
(Duração: 5:55)
A imprensa é confiável? Podemos acreditar
no que os repórteres e jornalistas nos dizem? Judith Miller, ex-repórter
vencedora do Prêmio Pulitzer para o New York Times, explica por que a confiança
dos americanos na mídia caiu, e por que isso é importante.
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7. Entrevista: Teoria das mídias digitais ( Duração:
20:20)
Tribuna
Independente: entrevista com Luis Mauro Sá Martino
https://www.youtube.com/watch?v=4ILJeFK74uQ
Entrevista
concedida pelo professor e jornalista Luis Mauro Sá Martino ao programa
"Tribuna Independente", exibido pela REDEVIDA de Televisão em
15/12/2014. Em destaque na conversa, está o livro "Teoria das Mídias
Digitais: Linguagens, Ambientes e Redes" - Editora Vozes.
*******************************
8. Redação: Era pós-verdade
Duração:
5:20
Nat
Dumke
https://www.youtube.com/watch?v=riLG9OiYszw
Redação
ENEM: Analisando o tema ERA PÓS VERDADE
Problema,
causa, consequência e solução
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9. Comentário: Como se espalham as notícias falsas —
Noah Tavlin
Duração:
3:41
https://www.youtube.com/watch?v=cSKGa_7XJkg
Nas décadas passadas, a maior parte das notícias de
alcance global provinham de alguns jornais e agências importantes com recursos
para reunir informações diretamente. Contudo, a velocidade com que as
informações se espalham hoje, tem criado as condições ideais para uma coisa
chamada "notícias circulares". Noah Tavlin esclarece este fenômeno.
10. Comentário: Pós verdade e fake news
Duração:
3:39
LEANDRO KARNAL
https://www.youtube.com/watch?v=JGuuyP9N3PI
*******************************
11. Comentário: Pós-Verdade O impacto das redes sociais na vida das pessoas
11. Comentário: Pós-Verdade O impacto das redes sociais na vida das pessoas
•
Leandro Karnal
https://www.youtube.com/watch?v=qIM89h80cSk
Eleita
palavra do ano pelo dicionário "Oxford", a pós-verdade definiu 2016.
Isso porque atualmente os fatos importam menos do que aquilo em que as pessoas
escolhem acreditar - ou seja, são tempos em que a verdade foi substituída pela
opinião.
trecho
do programa Ponto a Ponto do dia 20/03/2017
*********************************
12. Bate-papo: Quem somos nós?
Duração:
1h08min18
Conhecido por suas
análises do consumismo pós-moderno, o filósofo polonês Zygmunt Bauman é o
assunto do Quem Somos Nós? Ele terá a obra e pensamento analisados pelo
professor Luís Mauro Sá Martino, em um bate-papo com Celso Loducca.
- https://www.youtube.com/watch?v=exRPweoBDfc
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13. Temas – Princípios editoriais da
Folha de são Paulo -
No
final do mês de março de 2017, o jornal Folha de S. Paulo divulgou seu novo
Projeto Editorial. Um dos focos principais do texto está na distinção entre o
compromisso com o exercício de um jornalismo responsável e profissional e a
atual proliferação de notícias falsas e aproveitadoras nos meios digitais.
Um
dos apontamentos que constam no Projeto Editorial é a necessidade da prática do
pluralismo de informações, fontes e opiniões, para que haja uma ampliação na
percepção que o público tem a respeito dos fatos apurados. Esse procedimento
ajudaria na credibilidade das notícias e, consequentemente, do veículo que a
praticasse.
Em
associação a isto, a Folha publicou dentro de seu texto uma cartilha com doze
princípios editoriais, que podem ser verificados no link anexo.
14. Fake news – O que isso tem a ver
comigo? – Jornal O São Paulo
15. Fake news:
estudo revela como nasce e se espalha uma notícia falsa na web (Edição do dia 25/02/2018, 25/02/2018 23h15 - Atualizado
em 25/02/2018 23h15
16. fake news - Guerrilha Virtual - Fantástico
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2018/02/fake-news-estudo-revela-como-nasce-e-se-espalha-uma-noticia-falsa-na-web.html
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Rezar a verdade com a Palavra
Canto: A verdade vos libertará
Letra
e música: Padre Zezinho,scj
Interpretação: Antonio Cardoso
A Verdade vos libertará. libertará
A verdade vos libertará, libertará
Não
temais os que matam o corpo
Não
temais os que armam ciladas
Não
temais os que vos caluniam
Nem
aqueles que portam espadas
Não
temais os que tudo deturpam
pra
não ver a justiça vencer
Tende
medo somente do medo
De
quem mente pra sobreviver
Tende
medo somente do medo
De
quem mente pra sobreviver
A Verdade vos libertará. libertará
A verdade vos libertará, libertará
Não
temais os que vos ameaçam
Com
a morte ou com difamação
Não
temais os poderes que passam -
Eles
tremem de armas na mão
Não
temais os que ditam as regras
Na
certeza de nunca perder
Tende
medo somente do medo
De
quem cala ou finge não ver
Tende
medo somente do medo
De
quem cala ou finge não ver
Não
temais os que gritam nas praças
Que
está tudo perfeito e correto
Não
temais os que afirmam de graça
Que
vós nada trazeis de concreto
Não
temais o papel de profetas
Que
o papel do profeta é falar
Tende
medo somente do medo
De
quem acha melhor não cantar
Tende
medo somente do medo
De
quem acha melhor não cantar
A Verdade vos libertará. libertará
A verdade vos libertará, libertará
Palavra de Deus -Jo 8,31-32
Então
Jesus disse para as autoridades dos judeus que tinham acreditado nele: «Se
vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará
vocês.»
Outros
textos: Lc 20,20-26; 2Cor 6,3-10; Jo 3,19-21; Jo 18,33-38.
Preces bíblicas
1. “Vossa verdade me
oriente e me conduza” (Sl 25, 5). Vós, que confiastes à Igreja a plenitude da
verdade e da vida para conduzir a todos os povos no caminho da salvação, conduza
todos os pastores da Igreja para serem cooperadores da verdade.
Todos: A verdade nos libertará
2. “Tu és, Senhor o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo
6,14). Para que tua Verdade ilumine nossas mentes e faça de nós comunicadores
da luz que vem de ti. Rezemos ao Senhor.
Todos: A verdade nos
libertará
3. " Eu escolhi o caminho da verdade, e me conformo
com as tuas normas". (Sl 119,30). Senhor, que nossos caminhos, nas mais diversas formas de
comunicação, sejam pautados pela tua verdade.
Todos: A verdade nos
libertará
4.
"Quem diz a verdade proclama a justiça" (Sb
12,17). Que em nossas publicações, campanhas, redes, imagens e falas digamos
sempre a verdade e assim, proclamemos a justiça. Todos: A verdade nos libertará
5.
" O amor não se alegra com a injustiça, mas se
regozija com a verdade" (1Cor 13, 6). Que amemos, Senhor, e nos alegremos
com o que é justo e verdadeiro. Todos: A verdade nos libertará
6. "Estejam, portanto, bem firmes: cingidos com o
cinturão da verdade" ( Ef 6,14). Que cada comunicador e comunicadora
esteja sempre firme com o cinturão da verdade. Todos: A verdade nos libertará
7.
"Nada podemos contra a verdade; só temos poder em
favor da verdade." (2Cor 13,8). Que possamos viver esta máxima paulina em
tudo que escrevermos, falarmos, publicarmos, compartilharmos. Todos: A verdade nos
libertará
Oração (Papa Francisco):
Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal
que se insinua em uma comunicação
que não cria comunhão.
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam
sementes de bem para o mundo:
onde houver rumor,
fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão,
fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade,
fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão,
fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo,
fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade,
fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos,
fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade,
fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade,
fazei que levemos verdade.
Amém.
Canto: Ó Trindade
Ir. Maria Luiza Ricciardi
Ó Trindade, vos louvamos, vos louvamos pela vossa comunhão.
Que esta mesa favoreça, favoreça nossa comunicação.
1)Contra toda a tentação da
ganância e do poder,
Nossas bocas gritam juntas a
palavra do viver.
2) Na montanha com Jesus no
encontro com o Pai,
Recebemos a mensagem: “ide ao
mundo e o transformai”.
3) Deus nos fala na história e nos chama à conversão:
Vamos ser palavras vivas proclamando
a salvação.
4) Vamos juntos festejar cada
volta de um irmão.
É o amor que nos acolhe, restaurando
a comunhão.
5) Comunica quem transmite a
verdade e a paz,
Quem semeia a esperança e o
perdão que nos refaz.
[1] Fake news. Desinformação transmitida
on-line ou nas mídias tradicionais.
[2] Tech é um termo que envolve o conhecimento técnico
e científico e a aplicação deste conhecimento através de sua transformação no
uso de ferramentas, processos e materiais criados e utilizados a partir de tal
conhecimento
[3]
Conglomerado de mídia, grupo de mídia, ou
instituição de mídia é uma empresa que possui numerosas empresas em vários
meios de comunicação de massa; ou seja, na televisão, rádio, publicações,
filmes e na internet.
[4] De modo informal scoop se
refere a uma notícia (ou informação) dada em primeira mão por uma agência e
notícia; em português, chamamos isso de furo. (nossa observação)
[5]
A Mídia NINJA foi fundada em 2013 e ganhou notoriedade durante as manifestações
de junho que reuniram milhões nas ruas do Brasil. À ocasião realizou coberturas
ao vivo de dentro dos protestos, com múltiplos pontos de vista invisíveis na
mídia tradicional. Em 2016 foi uma das principais iniciativas de resistência na
luta pelo fortalecimento da democracia em meio a instabilidade política. Hoje a
rede engaja mais de 2 milhões de apoiadores e cerca de 500 pessoas diretamente
envolvidas com o suporte de casas coletivas pelo Brasil. Em 2013, ganhou o
Shorty Awards for our Social Media Profile.
www.midianinja.org
[6]
- Pós-verdade. Palavra de origem inglesa (“post-truth”). Em
2015, a palavra escolhida foi um emoji - mais especificamente, aquela carinha
amarela que chora de tanto rir. Além de eleger o termo, a instituição definiu o
que é a “pós-verdade”: um substantivo “que se relaciona ou denota
circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a
opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. A palavra é usada
por quem avalia que a verdade está perdendo importância no debate político. Por
exemplo: o boato amplamente divulgado de que o Papa Francisco apoiava a
candidatura de Donald Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que
negaram esta história. Segundo a Oxford Dictionaries, o termo “pós-verdade” com
a definição atual foi usado pela primeira vez em 1992 pelo dramaturgo sérvio-americano
Steve Tesich. Ele tem sido empregado com alguma constância há cerca de uma
década, mas houve um pico de uso da palavra, que cresceu 2.000% em 2016.
“‘Pós-verdade’ deixou de ser um termo periférico para se tornar central no
comentário político, agora frequentemente usado por grandes publicações sem a
necessidade de esclarecimento ou definição em suas manchetes”, escreve a
entidade no texto no qual apresenta a palavra escolhida.
[8] Crazy
People – filme comédia sobre propaganda. Ver no final na Lista de
atividades.
[9] Clickbait é um recurso que, em português, se traduz
como “isca de cliques” ou caça-clique. É um termo pejorativo que se refere a
conteúdo da internet que é destinado à geração de receita de publicidade
on-line, normalmente às custas da qualidade e da precisão da informação, por
meio de manchetes.
[10]
fact-checking
- verificação de fatos ou verificação de dados ou
ainda checagem de fatos em jornalismo; refere-se ao trabalho de confirmar e
comprovar fatos e dados usados em discursos nos meios de comunicação e outras
publicações
http://www.politize.com.br/checagem-de-fatos/
[11]
O Sensacionalista é um noticiário satírico eletrônico brasileiro. Dispõe de um
canal no Youtube, conta 2,4 milhões de seguidores no Facebook e tem 11 milhões
de visitantes únicos por mês e 25 milhões de visualizações.
O sucesso de seu humor
gerou uma versão audiovisual, um telejornal de notícias fictícias no canal
Multishow, chamado Jornal Sensacionalista.
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